sexta-feira, 17 de junho de 2011

Medo de amar


Renato Russo cantou “de olhos fechados não me vejo e você sorriu pra mim”. A frase, encontrada na música "Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar", é assaz significativa.
Por que temos medo de amar, de nos entregar a outra pessoa, de nos desfazermos de nós mesmos e nos entregarmos a um sentimento por outrem? Claro, quem tem ideia fixa é obsessivo e ninguém é insubstituível.

O fato é que existem por aí inúmeras pessoas procurando um príncipe ou uma princesa encantada e como disse Renato Russo estão de olhos fechados e assim não estão percebendo os desencantados que estão ao lado.

A verdade é que nessa procura por par ideal ou idealizado, por essa perfeição humana, o tempo vai passando e vamos deixando de viver. Claro, ninguém é obrigado a ficar com outra pessoa, a namorar, casar, ter filhos, são mais convenções sociais do que necessariamente necessidades.

Procure na história de humanidade pessoas que se doaram por várias outras pessoas em detrimento de uma só. Sublimaram seus sentimentos, suas carência afetivas e buscaram melhorar a humanidade e não apenas satisfazer um sentimento egoíco de posse.

Adriana Calcanhoto chegou a afirmar em uma música “Você não tem medo de mim, você tem medo é de você, você tem medo de querer, de amar”. É muito mais fácil nos escondermos atrás de um sonho, de uma ilusão e encarar a realidade de frente. A realidade que todo mundo tem defeitos, mas que também tem qualidades. E o mais importante, todos podem mudar.

Muitas pessoas afirmam, tenho medo de sofrer. O grande problema é que estão sofrendo duas vezes. Estão sofrendo de solidão, sofrendo com medo de tentar e sofrerão mais tarde pelo tempo perdido, pelo medo que tiveram por causa do medo que tinham e chegará o medo de não haver mais tempo.

Quer um conselho? Entre o medo de amar, de se entregar, de sofrer, tenha a coragem de mudar. Todos podem mudar. Aquele desencantado que hoje está ao seu lado, só num será o seu príncipe ou princesa se você não lhe permitir uma oportunidade, não lhe estender a mão. A vale a pena tentar.

E por que vale a pena? Pelo simples fato real e concreto que tudo está em transformação, não procure o acabado, tente acabar alguma coisa. Um artista talha a pedra bruta até criar a estátua perfeita. O pintor diante tela em branco reproduz a imagem interior que lhe apetece. O escritor em face das páginas em branco é capaz de mudar o rumo da história.

Que dizer da força do amor que pode mudar humanidade?
Quantas histórias não escutamos por pelo mundo afora de pessoas que mudaram depois de conhecerem outras, depois de um filho, de um relacionamento, de um casamento, de um amor, depois que alguém saiu do casulo e o aceitou, abriu a casa do coração e falou de sentimento?

É claro que ainda não logramos o amor renúncia, libertário, ainda somos seres possessivos, ciumentos, por isso temos dores, lágrimas, medo, desencantos. Mas se eu ponho na minha cabeça que ninguém é de ninguém, é bem provável que eu perca esses sentimentos.

Verdade seja dita também, que muitas vezes perdemos várias oportunidades que a vida nos oferece por dois motivos básicos, ou somos sem paciência demais ou somos devagar ao extremo. Primeiro pela pressa, a agonia que querer por querer estar com alguém por estar, o medo da solidão, ou até mesmo, apenas pelo fado do acompanhamento, muitas vezes nos leva a relacionamentos malogrados, inseguros, desrespeitosos, desequilibrados. Segundo por esperar demais, escolher demais, deixar o tempo passar demais, e perder assim as pessoas maravilhosas que cruzam o nosso caminho e agente só percebe a importância delas depois de muito tempo.

Chico Buarque cantou “não se afobe não que nada é pra já, o amor não tem pressa ele pode esperar, em silêncio, num fundo de armário... milênios, milênios no ar”...

Ronaldo Magella

0 comentários:

Postar um comentário