O verdadeiro sentido do amor vai muito além da posse, do apego, do rancor, da culpa e de alguns sentimentos que nos confundem quando não olhamos para nós mesmos. E sinceramente temos a mania de achar que o amor é algo que se busca, algo para ser encontrado em alguma esquina. Buscamos o amor nas festas, nos bares, restaurantes e agora também na internet. Parece ser algo urgente, pois nos ensinaram quem só o amor constrói, só o amor salva, só o amor traz felicidade.
Há um grande equívoco nessa procura ansiosa, cada vez mais acelerada, cada vez mais esquisita. Amor não é remédio, não existe para curar um mal estar que você mesmo criou dentro de si e que, portanto, só você mesmo pode curar. Portanto, se você está deprimido, histérico ou ansioso demais, o amor não se aproximará.
Caso o faça, vai frustrar todas as suas expectativas, por que o amor quer ser recebido com saúde e leveza. O amor não suporta a idéia de ser ingerido de quatro em quatro horas como um antibiótico para combater as bactérias da solidão e da baixa alto-estima. O amor não é tolo, quer ser bem tratado, escolhe as pessoas que, antes de tudo tratam bem de si mesmas. Ao contrário do que se pensa, ele não tem que vir antes de tudo: antes de estabilizar a carreira profissional, antes de viajar pelo mundo, de curtir a vida. Ele não é uma garantia de que, a partir de seu surgimento, tudo mais dará certo.
O amor, ao contrário do que pensa os afoitos candidatos a amantes, não tem pressa... ele espera primeiro você ser feliz para só então surgir diante de você. Esta é sua condição inegociável, é pegar ou largar. Ser feliz é uma necessidade natural da alma e não uma meta traçada e planejada a ser alcançada. Não envolve estratégias, só sensações. A vida sempre acontece quando a gente não está preocupado em explicá-la. Quando perdemos tempo conceituando a vida, estamos deixando-a escapar.
O amor é, portanto, a fragilidade, não a força. É serenidade, água, mansidão... não tem nada a ver com agito, fogo, procura, apartamentos, piscinas, férias no exterior, passagens, carros e, muito menos, com princesas e príncipes encantados. Amar exige coragem, muita coragem, por que é entrega e está todo mundo viciado em trocas e mais trocas - tudo que o amor abomina.
Estamos sempre fazendo algo esperando pela recompensa imediata. Se o desejo não é atendido, a frustração logo aparece, a sensação de abandono se instala, a tristeza vem e com ela perde-se toda e qualquer possibilidade de felicidade.
Muitos são os cobradores, pouquíssimos são os doadores. Daí vem o desequilíbrio, daí vem o desamor que hoje é o maior defeito do homem. Somos mendigos de uma coisa que temos em abundância dentro de nós. Ainda não aprendemos que o amor que reivindicamos é o mesmo que precisamos dar, por que tudo começa em nós. Estamos sempre esperando que o outro tome a iniciativa.
O mesmo acontece com ele.
E assim o amor agoniza... sobrevive da eterna ilusão da busca, da procura, dos encontros mágicos que as novelas ajudam a instalar nas mentes mais desavisadas, quando tudo o que o amor anseia é pela distração, pelo silêncio... pela dança sem a necessidade da música.
Acredito estar só no início de um longo caminho a ser trilhado, longe de mim achar que realmente o amor é isso tudo que escrevi, pois esse sentimento só sabe quem sente...mais foi assim que o budismo me ajudou a cada noite mal dormida, a cada decepção, a cada frustração...me levantar e acreditar que amor chega na hora certa...
Através da recitação do nam myoho rengue kyo estou conseguindo transformar minha vida, inúmeros são os benefícios materiais mais não cabe nesse momento falar, já que o benefício maior para mim hoje é poder amar todos a meu redor independente de qualquer coisa. E como diz o nosso mestre Ikeda: "Amar não é quando duas pessoas olham uma para a outra, mas quando olham na mesma direção. O amor libera não encarcera."
M. Vinícius Sassone
Fonte: http://www.estadodebuda.com.br