quarta-feira, 30 de março de 2011

Vincent Van Gogh

O maior dos pós-impressionistas. Pintor e desenhista holandês, durante toda a vida vendeu um só quadro, travando uma amarga batalha contra a pobreza, o alcoolismo e a insanidade. Van Gogh não se enquadra em nenhuma escola de pintura, embora sua extraordinária percepção das cores possa ter se originado das teorias impressionistas. Foi depois de se juntar ao irmão Théo, em Paris, e conhecer os "Impressionistas" que van Gogh começou a abandonar os tons escuros que até então usara, preferindo as cores puras primárias e secundárias, e adotar as pinceladas irregulares que davam uma sensação de luminosidade e leveza aos quadros impressionistas. Começou também a pintar a ar livre, hábito que conservou até morrer. A técnica de pinceladas firmes e carregadas que criou para seu próprio uso, aplicadas sem hesitação, permitiu-lhe pintar rapidamente e produzir um vasto número de obras nos últimos dois anos e meio de sua vida. Vincent William Van Gogh nasceu em Groot-Zundert, uma cidadezinha em Brabante, no dia 30 de março de 1853. O pai era pastor protestante e Van Gogh herdou dele o forte sentimento religioso pela vida e pela natureza que caracterizou o seu trabalho. Ele e o irmão mais novo, Théo, eram muito amigos e este não só incentivou o seu desejo de ser pintor como, na verdade, sustentou-o financeiramente nos últimos anos de sua vida. O primeiro emprego de Vincent foi nas filiais de Paris, Bruxelas e Londres da Goupil e Cie, empresa que negociava objetos de arte fundada por seu tio. Mais tarde, tentou ensinar em Londres e, depois, trabalhou pregando nas minas e distritos agrícolas pobres de Brabante. Foi aí que Van Gogh começou a expressar nos seus desenhos o que sentia pelas pessoas que o cercavam. Vivia tão pobre quanto elas, ao lado de uma prostituta que tomara a seus cuidados, mas a sua dedicação cristã foi mal compreendida e a sua igreja o censurou. Mais tarde, um amor não correspondido levou-o a tentar o suicídio. Em 1880, Van Gogh resolvera estudar arte em Bruxelas e Haia, acabou por juntar-se ao irmão Théo, que trabalhava para o Goupil et Cie em Paris. Ali, Van Gogh conheceu Degas, Pissarro, Signac, Seurat, Toulouse-Lautrec, Monet e Renoir, e descobriu a sua verdadeira vocação. Depois de dois anos em Paris, durante os quais pintou mais de duzentos quadros com a ajuda financeira do irmão, Van Gogh foi para Arles, no sul da França. Alugou um estúdio num local batizado de Casa Amarela e ali esperou que o amigo Gauguin viesse lhe fazer companhia. Gauguin relutava mas, como Théo era o seu marchand, sentiu-se obrigado a passar algum tempo com Vincent. Os dois homens estabeleceram-se em Arles, mas a tensão entre eles era muito grande, principalmente devido ao temperamento exaltado de Van Gogh, e Gauguin anunciou que ia voltar para Paris. Uma noite, percebeu que estava sendo seguido pelos jardins públicos de Arles por Van Gogh que o ameaçava com uma lâmina de barbear ou faca. Gauguin dormiu aquela noite no hotel e, no dia seguinte, voltando a Casa Amarela, soube que tinham levado Van Gogh para o hospital. Vincent cortara parte da orelha e a dera de presente a uma prostituta do bar que os dois costumavam freqüentar. Depois disso, Van Gogh retirou-se voluntariamente para um asilo para doentes mentais em St-Rémy-de-Provence, onde esperava recuperar a confiança em si mesmo e a estabilidade mental. Enquanto esteva internado, pintou sem parar e escrevia ao irmão e a Gauguin garantindo-lhes que já estava curado. Outros se seguiram; Van Gogh percebeu que era vítima de uma doença incurável. Em 1890 deixou St-Rémy e o clima ameno do sul e, seguindo o conselho de Pissarro, foi para Auvers-sur-Oise, onde um certo Dr. Gachet cuidou dele. Ali continuou pintando mas, depois de uma visita a Paris, onde soube das dificuldades financeiras do irmão e da doença do sobrinho, Van Gogh teve uma recaída. Um dia, enquanto pintava ao ar livre em Auvers, deu um tiro no peito. O ferimento não parecia ser muito grave. Dr.Gachet fez o curativo e chamou Théo em Paris. Dois dias depois, em 29 de julho de 1890, Vincent Van Gogh morria. Foi enterrado no cemitério de Auvers.

terça-feira, 29 de março de 2011

Madrugada

A madrugada vem chegando, trazendo seus véus de sonhos e suas estrelas cristalinas.

O vento leve faz dançar os galhos das árvores, desenhando ramagens nas calçadas pintadas de dourado, sob o efeito das luzes amarelas...

Há uma magia no ar, que parece pressentir romances, carinhos, ternuras.

O doce silêncio certamente embala secretas vozes, sussuros e beijos...

Os anjos tecem o tempo com mãos delicadas, suspirando entre as nuvens cor de pérola.

- Felizes os que amam!

É para eles que são feitas as madrugadas.

Mellíss

segunda-feira, 28 de março de 2011

Viver e escrever

“Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento. Sinceramente não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.” “Não sei mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja exatamente o que me salvará da literatura. O que é que se tornou importante para mim? No entanto, o que quer que seja, é através da literatura que poderá talvez se manifestar.” “Até hoje eu por assim dizer não sabia que se pode não escrever. Gradualmente, gradualmente até que de repente a descoberta tímida: quem sabe, também eu já poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável”. Clarice Lispector

domingo, 27 de março de 2011

Eu amo tudo que foi


"Eu amo tudo que foi Tudo o que já não é A dor que já não me dói A antiga e erônea fé O ontem que deixou alegria Só porque foi, e voou E hoje é já outro dia !"


Fernando Pessoa

sábado, 26 de março de 2011

Começo de namoro

Quando sonhamos sozinhos é só mais um sonho.
Quando sonhamos juntos é o começo de uma nova realidade.
A distância pode separar dois olhares mas nunca dois corações.
Se um dia os caminhos da vida nos guiar por rumos diferentes.
Leve de mim esta mensagem, que levarei de ti muitas saudades.
Se o amor que sinto por vc for sonho... quero dormir para sempre.
Minha vida tem um pouquinho de tudo. Mas 90% é você. Se no futuro eu não mais existir, me procure no passado... pois lá estarei presente.
O verdadeiro amor é aquele que suporta uma separação e consegue viver a saudade... Tristeza: É ter que rir quando se quer chorar; É ter que ir quando se quer ficar;
É receber um não quando se espera um sim;
É antes de tudo ter que odiar quando se quer amar...
Te amo com toda a inocência de uma criança,
Com toda a malícia de um adolescente, Mas acima de tudo, com todos os meus sentimentos de homem...
Se você que saber o quanto eu te amo é simples:
Multiplica as estrelas do céu pelas gotas dos oceanos...
Eu só deixarei de te amar quando na minha sepultura nascer uma rosa e nas pétalas estiver escrito pela última vez: te amo, te adoro!!!
A beleza das pessoas está na capacidade de amar e encontrar no próximo a continuidade de seu ser.
Quando a felicidade de alguém estiver em suas mãos não feche-a, pois pode ser a primeira vez que esta pessoa pode ser feliz.
Como um pássaro que voa deixando uma grande esperança...
Quero deixar em seu pensamento a minha lembrança...
Espero que nunca chores o que chorei... nunca lamentes o que lamentei...
Pois não encontrará alguém que te ama como eu te amei.
Plante o fruto da paixão para mais tarde colher o do amor!
Como eu te conheci outras pessoas te conheceram....
Como eu te amei jamais outra pessoa te amará....
Quando estiver sozinho nem pense em me procurar...
Procure-me sem pensar. As lágrimas que saem não são aquelas que saem dos olhos e rolam pelo rosto mas são aquelas que saem do coração e descem pela alma.
Quando me vê sorrindo não vá pensar que te esqueci...
Apenas estarei disfarçando o meu amor por ti...
Não importa se você está perto ou longe, o que importa é que você existe, para que eu possa sentir sua falta.
Apague com o sorriso a tristeza que existe no teu rosto.
Assim não darás a quem te ama a tristeza de te ver chorar.
E assim darás a quem te ama a alegria de te ver sorrir.
Penso em vc 25 horas por dia, meu coração faz hora extra!!!
O pássaro tem asas para voar em liberdade...
E eu tenho um coração para te amar de verdade.
Se pudesse dominar o mundo teria que ser assim: seus olhos fechados para todos, abertos só para mim...
Dizem que o beijo é um veneno mas isto é um azar.
Prefiro morrer envenenado do que ficar sem te beijar.
Eu queria escrever-te lindo poema sem fim. Mas prefiro dizer
Eu te amo mesmo assim. Ontem eu fui ao médico...
O médico doença não viu,
doença é o Amor...
E o remédio é você!!!
Quando procurar por mim não me achar procura-me no mar.
Eu serei as ondas que virão ao teu encontro para dizer Que ainda te amo!!!
Nada existe de mais lindo...
Nada é mais encantador...
Do que os teus lábios sorrindo depois de um beijo de amor.
A lua ofereceu ao sol uma fita de cetim.
E eu ofereço a você um amor sem fim...
Com os olhos eu te vejo.
Com a boca eu te chamo.
Com os lábios eu te beijo.
Com o coração eu te amo!!!
Vou chegando ao fim da estrada
E agora não mais me iludo.
Sem você a vida é nada. Com você a vida é tudo!!!
O pássaro tem asas para voar em liberdade...
E eu tenho um coração para te amar de verdade.
O amor é o sentimento mais contraditório que existe: ele machuca mas faz você sentir que está vivo.
O amor nunca morre... ele só adormece para acordar mais belo...
O que seria a vida se não existisse o viver?
O que seriam as flores se não existisse o florescer?
O que seria de mim se não existisse você?
Não te quero por um dia.
Não te quero por um ano.
Te quero por toda a vida.
Te quero porque te amo.
Te amei no passado. Te amo no presente.
Se o futuro permitir, te amarei eternamente.
Escrevo de caneta azul, porque não tenho dourado, cada vez que eu penso em você, fico mais apaixonado!
De perto conheço o amor... de longe conheço a bondade... hoje conheço você... que amo de verdade...
Quantos sonhos eu sonhei e quantos eu realizei, hoje eu sou feliz pois você eu encontrei.
Saio da escuridão para viver novamente, e enfrento essa imensidão para te amar eternamente...

Anônimo

sexta-feira, 25 de março de 2011

Lúcida em excesso


“Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço. Além do quê: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano — já me aconteceu antes. Pois sei que — em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade — essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém.”.

Clarice Lispector

quinta-feira, 24 de março de 2011

Um pouco mais de consideração


Porque você é tão ruim
Não me diz não nem me diz sim
Sofre demais o meu coração
Pois nunca sabe quando é sim ou não
Que foi que eu fiz que não se faz
Não tenho paz, não sou feliz
Assim é muita ingratidão
Um pouco mais de consideração

Já que você foi quem me fez contente
Já que você me cativou assim
Você não podia, muito francamente
Entrar a sério nessa história de gostar de mim
Independente de qualquer motivo
Que você tenha pra gostar assim
Já que você foi quem me fez cativo
A obrigação agora é sua de cuidar de mim

Vinicius de Moraes

quarta-feira, 23 de março de 2011

Há momentos na vida da gente

Há momentos na vida da gente,
que a gente se pergunta por que é que as coisas são assim.
São nesses momentos,
que paramos para refletir sobre o real sentido das coisas...
descobrindo assim as certezas e as incertezas da vida
que a gente vem carregando desde de sempre.
O interessante disso tudo,
é que não é apenas questão de rever os principios,
mas é questão de rever a sí mesmo,
em quem você se tornou,
em como você interage com as pessoas,
Perguntar por que as coisas são assim não adianta em nada,
se você não demonstra, prá você mesmo o seu brilho,
a sua força e a sua garra !
e não basta apenas mostrar pra você mesmo,
você deve agarrar isso com tudo,
e provar pra todo mundo, do que você é capaz
e como você se dispõe a encarar
seu medos e seus tropeços de cabeça erguida,
sem preceitos, sem esquecer de quem você realmente é
e de que como você realmente gostaria de ser.
É com esse pensamento
que você abre as portas de você mesmo,
para que o seu verdadeiro EU !
Nessas horas, temos que ficar atentos,
e criar um filtro para drenar tudo de ruim
e absorvermos somente o bom.
Você deve acordar todos os dias,
com o brilho nos olhos,
disposto a enfrentar seus medos,
e assim, conseguir obter de si mesmo, o respeito.

A capacidade de nos apaixonarmos todos os dias é que nos faz criar asas e alçar vôo rumo a lugares mais distantes, mais bonitos. O fogo inocente dos olhos de uma criança é o que devemos ter para conseguirmos sonhar, viver, sorrir, chorar, crescer e AMAR!

Pedro Bial

terça-feira, 22 de março de 2011

Eu Vou Sobreviver/ I Will Survive



Eu Vou Sobreviver

No início eu tive medo, eu fiquei petrificado.
Continuava pensando que nunca conseguiria viver
Sem você ao meu lado.
Mas então eu passei muitas noites
Pensando como você me fez mal.
E eu me fortaleci.
E eu aprendi como me arranjar.
E então você está de volta do espaço.
Eu acabei de entrar para te encontrar aqui
Sem aquela aparência vencedora no seu rosto.
Eu devia ter mudado aquela fechadura estúpida.
Eu devia ter feito você deixar sua chave
Se eu soubesse, apenas por um segundo
Que você voltaria para me incomodar.
Oh, agora vá.
Saia pela porta.
Apenas vire-se agora.
Você não é mais bem-vinda.
Não foi você
Quem tentou me ferir com vontade?
Você pensou que eu deterioraria?
Você pensou que eu deitaria e morreria?
Oh não, eu não.
Eu vou sobreviver.
Enquanto eu souber como amar
Eu sei que permanecerei vivo
Eu tenho minha vida toda para viver.
Eu tenho meu amor todo para dar.
Eu vou sobreviver.
Eu vou sobreviver.
Foi preciso toda a força que eu tinha
Para não cair em pedaços
Continuei tentando duramente remendar
Os fragmentos do meu coração partido.
E eu passei muitas noites
Simplesmente sentindo pena de mim mesmo.
Eu costumava chorar.
Mas agora eu mantenho minha cabeça bem erguida.
E você me verá com um novo alguém.
Não sou aquela pessoa insignificante
Ainda apaixonada por você.
E então você tem vontade de fazer uma visita,
E simplesmente espera que eu esteja desimpedido.
Agora estou guardando todo meu amor
Para alguém que está me amando.
Oh, agora vá.
Saia pela porta.
Apenas vire-se agora.
Você não é mais bem-vinda.
Não foi você
Quem tentou me ferir com vontade?
Você pensou que eu deterioraria?
Você pensou que eu deitaria e morreria?
Oh não, eu não.
Eu vou sobreviver.
Enquanto eu souber como amar
Eu sei que permanecerei vivo
Eu tenho minha vida toda para viver.
Eu tenho meu amor todo para dar.
Eu vou sobreviver.
Eu vou sobreviver.

Composição: Dino Fekaris /Frederick Perren

Não se acostume com o que não o faz feliz

Não se acostume com o que não o faz feliz,
revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!

Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa

segunda-feira, 21 de março de 2011

Poema à boca fechada


Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago

domingo, 20 de março de 2011

Depois do fim

Mas como eu começo depois do fim
O som da porta batendo atrás de mim
Minha vida se parte em pedacinhos pequenos
O que restou, o que dizer, prá quem ligar, aonde ir?

O vazio total e a urgência de recomeçar
Em que casa, em que rua, em que mundo eu vou morar?
Onde eu vou entre o fim do trabalho e o começo do
sono?
Prá te esquecer me entrego pra qualquer bobagem na TV

E eu rezo pra dormir
Mas Deus não quer me ouvir
Eu tento resistir
Enquanto a noite e o céu desabam sobre mim

O vazio na alma, na cama e ao redor de mim
Caio em prantos na rua e nem ligo,
Me acostumei com vexames
Volta pra mim, me mostra onde eu errei e te perdi

E eu rezo pra dormir
Mas Deus não quer me ouvir
Eu tento resistir
Enquanto a noite e o céu desabam sobre mim

Leoni

sábado, 19 de março de 2011

Soneto do amigo


Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes

sexta-feira, 18 de março de 2011

Cultura


O girino é o peixinho do sapo.
O silêncio é o começo do papo.

O bigode é a antena do gato.
O cavalo é o pasto do carrapato.

O cabrito é o cordeiro da cabra.
O pescoço é a barriga da cobra.

O leitão é um porquinho mais novo.
A galinha é um pouquinho do ovo.

O desejo é o começo do corpo.
Engordar é tarefa do porco.

A cegonha é a girafa do ganso.
O cachorro é um lobo mais manso.

O escuro é a metade da zebra.
As raízes são as veias da seiva.

O camelo é um cavalo sem sede.
Tartaruga por dentro é parede.

O potrinho é o bezerro da égua.
A batalha é o começo da trégua.

Papagaio é um dragão miniatura.
Bactéria num meio é cultura.

Arnaldo Antunes

quinta-feira, 17 de março de 2011

Eterno Namorado

Meu bem, não quero te fazer sofrer
Não quero te fazer mal
Mas eu estou mudando e preciso
seguir sozinha... Não foi escolha minha
Não... Eu não estou te abandonando e nem fugindo
Eu só estou crescendo, é um força que vem de dentro
é mais forte que eu...
Eu te amei com todas as minhas força e eu ainda te amo... Acho que te amarei eternamente...
Hoje a chama que esta no meu peito não me esquenta como antigamente... Ela esta me queimando...
Guardei todos os abraços, beijos e cheiros só pra mim...
Guardarei os segredos, os medos só pra mim.... Guardarei os sonhos, os planos pro futuro só pra mim...
Quero continuar do seu lado, pra sempre meu eterno namorado... Eu vou estar sempre to seu lado como: amiga, namorada, conhecida ou nada... Mas sempre estarei aqui...
Voce poderá sorrir do meu lado, chorar no meu ombro, se perder nos meus olhos e morrer nos meu lábios...
Pois te amarei eternamente
Mas não eu não quero transformar
esse amor em ódio
Deixa eu guardar o que de melhor aconteceu pra mim...

Paula Câmara Ferreira

quarta-feira, 16 de março de 2011

Na ilha por vezes habitada


Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

José Saramago

terça-feira, 15 de março de 2011

A descoberta do amor


“[...] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. [...] Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.
Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amor. [...] Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é por pudor apenas feminino.
Pois juro que a vida é bonita.”

Clarice Lispector

segunda-feira, 14 de março de 2011

Eu sei quem és pra mim

Eu faço amizade por afinidade, eu namoro quando tenho intimidade e só me caso por amor e pela eternidade. Pra mim não há nada mais significativo na vida do que esses “tudos”.
Minhas intimidades não estão ligadas só ao sexo ou a nudez, porque estar dentro do peito de alguém e ter vivendo em seu pensamento outrem é estar conectado pelo afeto e pelos momentos divididos, juntos ou mesmo a distância.
Há sempre algo me lembrando de ti com muita constância.
Temos um conhecimento tão profundo um do outro que eu saberia dizer como você responderia a muitas situações, porque sinto dentro de mim as mesmas sensações. Eu sei quem és pra mim assim, quando em momentos simples do cotidiano tu te tornas subitamente protagonista da minha vida, participando das cenas e tornando menos solitária a minha existência.
Eu me reconheço em você.
Quando as leis da física nos permitem estar no mesmo lugar e convivendo no mesmo tempo, as conversas varam madrugadas, ou se as palavras nos faltam, olhar o horizonte na mesma direção já basta.
Nossos olhos são diferences, mas temos o mesmo olhar.
Na impossibilidade do toque, posso perceber-te através do vento que entra pela janela e pelos sonhos que tenho contigo.
Ser intimo de ti é penetrar em tuas barreiras, ir até o teu mais profundo e descobrir o que existe dentro do seu coração.
Saber da tua luz e conhecer tua sombra.
É muito mais do que derrubar os pudores, é uma alquimia de duas vidas que se encontraram e que se sabem.
Muitas pessoas que não conhecemos muito bem parecem ser interessantes.
Mas o melhor de se conhecer alguém é que quanto mais mergulhamos mais queremos estar afundados nelas.
Ao contrário do curso comum dos relacionamentos, “Quanto mais te conheço e convivo com você, mas eu te amo”.

André Luis Aquino

domingo, 13 de março de 2011

Dos ficantes aos namoridos

Se você é deste século, já sabe que há duas tribos que definem o que é um relacionamento moderno.

Uma é a tribo dos ficantes. O ficante é o cara que te namora por duas horas numa festa, se não tiver se inscrito no campeonato “Quem pega mais numa única noite”, quando então ele será seu ficante por bem menos tempo — dois minutos — e irá à procura de outra para bater o próprio recorde. É natural que garotos e garotas queiram conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia.

Pegar sete caras. Pegar nove “mina”. A gente está falando de quê, de catadores de lixo? Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe. Não pessoas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegueeuse, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos.

Pegar, cá pra nós, é um verbo meio cafajeste. Em vez de pegar, poderíamos adotar algum outro verbo menos frio. Porque, quando duas bocas se unem, nada é assim tão frio, na maioria das vezes esse “não estou nem aí” é jogo de cena. Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em casa, isso sim.

No entanto, quem pode contra o avanço (???) dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário? Falando nisso, a segunda tribo a que me referia é a dos namoridos, a palavra mais medonha que já inventaram. Trata-se de um homem híbrido, transgênico.

Em tese, ele vale mais do que um namorado e menos que um marido. Assim que a relação começa, juntam-se os trapos e parte-se para um casamento informal, sem papel passado, sem compromisso de estabilidade, sem planos de uma velhice compartilhada — namoridos não foram escolhidos para serem parceiros de artrite, reumatismo e pressão alta, era só o que faltava.

Pois então. A idéia é boa e prática. Só que o índice de príncipes e princesas virando sapo é alta, não se evita o tédio conjugal (comum a qualquer tipo de acasalamento sob o mesmo teto) e pula-se uma etapa quentíssima, a melhor que há.

Trata-se do namoro, alguns já ouviram falar. É quando cada um mora na sua casa e tem rotinas distintas e poucos horários para se encontrar, e esse pouco ganha a importância de uma celebração.

Namoro é quando não se tem certeza absoluta de nada, a cada dia um segredo é revelado, brotam informações novas de onde menos se espera. De manhã, um silêncio inquietante. À tarde, um mal-entendido. À noite, um torpedo reconciliador e uma declaração de amor.

Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta, os minutos são contados, os meses são comemorados, a vontade de surpreender não cessa — e é a única relação que dá o devido espaço para a saudade, que é fermento e afrodisíaco. Depois de passar os dias se vendo só de vez em quando, viajar para um fim de semana juntos vira o céu na Terra: nunca uma sexta-feira nasce tão aguardada, nunca uma segunda-feira é enfrentada com tanta leveza.

Namoro é como o disco “Sgt. Peppers”, dos Beatles: parece antigo e, no entanto, não há nada mais novo e revolucionário. O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida: “Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante".

Martha Medeiros

sábado, 12 de março de 2011

Amor Encantado

O Romance verdadeiro não é tanto uma situação quanto um reino do ser, um reino diferente de qualquer outro, impregnando o ar à nossa volta, porém estranhamente invisível. Dele emana uma força mística que atrai qualquer um que já passou de certa idade. Há alguma coisa nele que queremos porque somos humanos, e que responde claramente a uma necessidade humana básica.

O verdadeiro romance responde à nossa necessidade de aventura, de significado, de magia e de conexão profunda e comovedora entre duas pessoas. Responde aos nossos desejos tanto espirituais quanto emocionais. Representa para os adultos o que toda loja de brinquedos representa para as crianças. Faz com que nossos olhos se arregalem e iluminem assim como os delas quando vêem Papai Noel. Num sentido real, ele é Papai Noel!

Contudo, o amor romântico é também um trem que não se pode tomar sem passagem. Algumas pessoas têm essa passagem. Algumas pessoas estão preparadas emocional, psicológica e espiritualmente para um verdadeiro amor, enquanto outras fogem das suas correntes oceânicas profundas. Muitos dizem o que desejam desesperadamente mas, na verdade, fazem todo o possível para evitá-lo.

Amar é como viajar para uma terra muito distante e mística.

Marianne Williamson

sexta-feira, 11 de março de 2011

É namoro ou amizade?


Coragem, confesse: você assiste ao programa Em nome do amor do Silvio Santos, domingos à tarde. É aquele programa onde garotas e rapazes que nunca se viram mais gordos tiram uns aos outros para dançar ao som de Julio Iglesias, enquanto aproveitam para trocar três palavras. No final da música, Silvio pergunta para cada casal: é namoro ou amizade? Se a menina responder amizade, volta para o banco de reservas. Se responder namoro, ganha um buquê de flores e sai de mãos dadas com um amor novinho em folha. Já pensou que paraíso se fosse fácil assim?

Você está no bar da faculdade tomando um suco quando surge aquele colega que é um gato e que só faz uma cadeira nas quintas. Ele vem na sua direção e sorri. É seu dia de sorte. Está cada vez mais perto. Finalmente chega e lhe entrega um minidicionário Aurélio. "Você deixou cair ali fora". Antes que você consiga dizer obrigada, ele dá meia-volta, mas não consegue dar um passo. Silvio Santos está de microfone na mão interrompendo a fuga: é namoro ou amizade? "Namoro", responde você. A platéia do bar aplaude, você segura a mão do cara e não larga nunca mais.

Você está de bobeira no posto de gasolina, sábado à noite, encostado num Kadett. Sua cerveja está ficando quente e você não tem mais um tostão no bolso. Olha para o relógio: hora de saltar fora. Nisso surge uma clone da Cameron Diaz e pede licença para sair com o carro. Você desencosta. "Está bem cuidado, princesa", diz naquele seu jeito cafajeste. Ela entra, tenta arrancar mas quase atropela Silvio Santos, que surge não se sabe de onde, perguntando à queima-roupa: é namoro ou amizade? "Namoro", responde você entrando no Kadett da loira. Arranjou uma carona e uma paixão.

Você é divorciada e não é uma ninfeta: quase já esqueceu para que serve um homem. Está no cinema sozinha, pra variar. Nisso entra um cinquentão boa pinta, sem aliança no dedo. Senta quase ao seu lado, apenas uma poltrona os separam. As luzes ainda estão acesas e na fila da frente três retardadas não páram de rir e de fazer barulho com o papel de bala. O bacana olha pra você e diz: "Espero que, quando o filme iniciar, esse frege termine". Ele fala frege, como você. Feitos um para o outro. Nisso Silvio Santos materializa-se na poltrona do meio e lasca: "É namoro ou amizade?" Você agarra o microfone: "Namoro". Silvio sai de fininho, você pula para a cadeira do lado e assiste todo o filme com a cabecinha apoiada no ombro do tipão.

Ou você põe a imaginação pra funcionar ou se inscreve no Em nome do amor. Mas vai ter que agüentar o Julio Iglesias.

Martha Medeiros

quinta-feira, 10 de março de 2011

Decidi triunfar


E assim, depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar...

Decidi não esperar as oportunidades e, sim, eu mesmo buscá-las.

Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução.

Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.

Naquele dia descobri que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações e que enfrentá-las era a única e melhor forma de superá-las.

Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tenha sido.

Deixei de me importar com quem ganha ou perde. Agora, me importa simplesmente saber melhor o que fazer.

Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima e, sim, deixar de subir.

Aprendi que o melhor triunfo que posso ter é ter o direito de chamar a alguém de "amigo".

Descobri que o amor é mais que um simples estado e enamoramento, "o amor é uma filosofia de vida".

Naquele dia, deixei de ser um reflexo dos meus escassos triunfos passados e passei a ser a minha própria tênue luz deste presente.

Aprendi que de nada serve ser luz se não vai iluminar o caminho dos demais.

Naquele dia, decidi trocar tantas coisas...

Naquele dia, aprendi que os sonhos são somente para fazer-se realidade.

E desde aquele dia já não durmo para descansar...
Agora simplesmente durmo para sonhar.

Walt Disney

quarta-feira, 9 de março de 2011

Zíbia Gasparetto

Cada pensamento nosso, no qual colocamos crédito, provoca uma atitude. Nossas atitudes são frutos de nossas crenças. Agimos de acordo com elas. Cada atitude nossa movimenta as energias ao nosso redor e promove uma reação. É como quando estamos dentro de uma piscina. Qualquer gesto movimenta a água em ondas que vão e vêm, reagindo a nosso contato.
Estamos todos mergulhados na mente universal, como quando estamos dentro da água, cercados de energias. Elas são neutras. São nossas atitudes que lhes dão padrão e as projetam para o futuro, provocando reações dentro do sistema, que reage e responde, devolvendo o resultado.
Toda atitude nossa tem, portanto, uma resposta da vida. Mas como ela age sempre pelo melhor, essa situação não é definitiva. Quantas vezes vimos predições ruins que nunca se realizaram? É que as leis universais não agem para nos castigar ou punir. Em sua sabedoria, sabem que a punição ou o castigo nunca educaram ninguém. Ao contrário, quando modificamos nossas atitudes, elas apagam e substituem aquelas energias negativas que emitimos anteriormente pelas novas e melhores de agora. Com esse critério, aquelas reações dolorosas que estavam programadas em nossa vida são modificadas.

Zíbia Gasparetto

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia das Mulheres

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.

Pablo Neruda

segunda-feira, 7 de março de 2011

A Capela Sistina

Michelangelo foi convocado novamente a Roma em 1503 pelo recém-designado Papa Júlio II e foi comissionado para construir a tumba papal. Entretanto, durante a patronagem de Júlio II, Michelangelo tinha constantemente que interromper seu trabalho para fazer outras numerosas tarefas. Por essa e outras interrupções, Michelangelo trabalharia na tumba por quarenta anos sem nunca a terminar.

A mais famosa das tarefas foi a pintura monumental do teto da Capela Sistina no Vaticano, que levou quatro anos para ser feita (1508 – 1512). Michelangelo originalmente deveria pintar os 12 Apóstolos, mas protestou e pediu uma tarefa mais audaciosa: um esquema que representasse a Criação, a Queda do Homem e a Promessa da Salvação. O trabalho faz parte de uma decoração muito mais complexa que, em conjunto, representa toda a doutrina da Igreja Católica.

A composição contém 300 figuras e se centra nos episódios do livro do Genesis, divididos em três grupos: a Criação da Terra por Deus, a Criação da Humanidade e sua queda e, por fim, a Humanidade representada por Noé. Entre os afrescos mais famosos estão: A Criação de Adão e Adão e Eva no Paraíso.

A pintura de O Juízo Final, na janela do Altar da capela Sistina foi comissionada pelo Papa Paulo III, e Michelangelo trabalhou nela de 1534 a 1541. O trabalho é grandioso e toma uma parede inteira atrás do altar da Capela Sistina. O Juízo Final é uma representação da segunda vinda de Cristo e do apocalipse, quando as almas da humanidade seriam levadas a seu destino final e julgadas por Cristo, rodeado de santos.

Uma vez concluída, as representações de nudez na própria Capela foram consideradas obscenas e um sacrilégio. Após a morte de Michelangelo, decidiu-se obscurecer os órgãos, o que foi feito por um aprendiz de Michelangelo, Daniele da Volterra. Quando o trabalho foi restaurado em 1993, decidiu-se deixar algumas das figuras ainda cobertas, como documentos históricos. A censura sempre perseguiu Michelangelo, que às vezes era chamado de "inventor delle porcherie" ("inventor das obscenidades").

Em 1547, Michelangelo foi apontado como arquiteto da Basílica de São Pedro no Vaticano. Anos mais tarde, em 18 de Fevereiro de 1564, Michelangelo morre, em casa, em Roma aos 88 anos de idade, solicitando em testamento que seu corpo fosse enterrado em Florença.

domingo, 6 de março de 2011

Michelangelo Buonarroti

Michelangelo ("Miguel Ângelo") di Ludovico Buonarroti Simoni (Caprese, 6 de Março de 1475 — Roma, 18 de Fevereiro de 1564) foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto renascentista italiano.
Apesar de ter feito poucas atividades além das artes, sua versatilidade em vários campos fez com que rivalizasse com Leonardo da Vinci no título de ícone da Renascença. Michelangelo foi genial em vários campos e, além disso, também recebeu tarefas diplomáticas. Duas biografias foram escritas sobre ele ainda em vida (uma de Giorgio Vasari).

Duas de suas mais famosas obras (a Pietà e o David) foram realizadas antes de seus trinta anos. Apesar de sua pouca afeição à pintura, criou duas obras históricas: as cenas do Gênesis, no teto da Capela Sistina, e O Juízo Final, também no mesmo local. Projetou também a cúpula da Basílica de São Pedro, em Roma. Entre suas outras esculturas, contam-se a também a Virgem, o Baco, o Moisés, a Raquel, a Léa e membros da família Médici.
Michelangelo nasceu em Caprese, na Toscana, o segundo de cinco filhos. Seu pai, Ludovico, quando residente em Caprese, era um magistrado. Michelangelo cresceu em Florença e mais tarde viveu com um escultor e sua esposa na localidade florentina de Settignano, onde seu pai tinha uma mina de mármore e uma pequena fazenda.

Contra a vontade de seu pai, o canhoto Michelangelo escolheu ser aprendiz de Domenico Ghirlandaio por três anos começando em 1488. Também foi aprendiz, na escultura, de Bertoldo di Giovanni. Impressionado com a técnica de Michelangelo, Ghirlandaio recomendou-o para Florença para estudar com Lourenço de Médici. De 1490 a 1492, Michelangelo frequentou a escola de Lourenço e durante sua estada, seria influenciado por muitas pessoas proeminentes, e pela filosofia platônica da época, que modificariam e expandiriam suas idéias na arte e ainda seus sentimentos sobre sexualidade.

Foi durante este período que Michelangelo criou dois relevos: a Batalha de Centauros e a Madonna da Escada. A primeira obra foi baseada em um tema sugerido por Poliziano e encomendada por Lourenço de Médici. Após sua morte, Michelangelo deixou a corte dos Medici. Nos meses seguintes, produziu um crucifixo de madeira para o pároco da Igreja de Santa Maria del Santo Spirito, que tinha o deixado estudar anatomia a partir de alguns cadáveres do hospital da Igreja.
Pedro de Médici, filho mais velho de Lourenço de Médici, recusou-se a financiar o trabalho artístico de Michelangelo. Também nessa época, as idéias de Savonarola tornaram-se populares em Florença. Sob tais pressões, Michelangelo decide sair definitivamente de Florença e vai para Bolonha por três anos. Logo depois, o Cardeal San Giorgio compra a obra de Michelangelo em mármore Cupido e decide chamá-lo a Roma em 1496. Influenciado pela antiguidade de Roma, ele produz Baco e a Pietà. A Pietà foi uma encomenda do embaixador francês na Santa Sé. Apesar de praticamente se dedicar à escultura, Michelangelo nunca deixou de desenhar, ele desenhava por prazer de segurar o lápis.
Em 1513, o Papa Júlio II morreu, e seu sucessor, o Papa Leão X, um Médici, pediu que Michelangelo reconstruísse o interior da Igreja de São Lourenço, em Florença, e a adornasse com esculturas. Michelangelo relutantemente aceitou, mas foi incapaz de terminar a tarefa (o exterior da igreja ainda não está adornado até hoje).
Em 1526, os cidadãos de Florença, encorajados pelo saque de Roma, expulsaram os Médici e restauraram a república. Michelangelo voltou para sua amada Florença para ajudar a construir as fortificações da cidade de 1528 a 1529. A cidade caiu em 1530 e os Médici voltaram ao poder.
Quando realizou Pietà Michelangelo tinha 23 anos. Em função da pouca idade, muitos não acreditaram que fosse o autor. Juntando capacidades criadoras geniais a uma técnica perfeita. A dor de Maria sobre o corpo morto do filho foi representada com o abandonou o realismo cruel típico em favor de uma visão idealizada. O artista toscano criou então a sua mais acabada e famosa escultura.

sábado, 5 de março de 2011

O dia de hoje


O momento é de olhar a linha à frente de nossos pés e apertar os olhos para divisar se trata-se de um abismo ou apenas de um risco no chão. Antecipo a resposta de que não existem abismos, mas buracos imensos que às vezes cavamos com os próprios pés. Em geral, por termos ficado "andando" parados no mesmo lugar. Mas isso é um assunto mais fundo - ou um buraco mais embaixo, se preferirem...rs. O fato é que hoje eu precisava tratar, por escrito, de um assunto delicado, que me fez chorar. E vocês sabem: quando os acontecimentos nos fazem chorar, os sentimentos que nos atravessam podem descambar para lados menos positivos. Pois bem: rezei, como de sempre, todas as manhãs. E a mensagem que me veio caiu como uma luva! Sempre me espanto com essas "respostas" dos anjos de bondade e luz, mas o fato é que é sempre assim... na mosca! Compartilho com vocês, porque pode servir para mais alguém.

LINGUAGEM

"Através da linguagem, o homem ajuda-se ou se desajuda. Ainda mesmo que o nosso íntimo permaneça nevoado de problemas, não é aconselhável que a nossa palavra se faça turva ou desequilibrada para os outros. Cada qual tem seu enigma, a sua necessidade e a sua dor e não é justo aumentar as aflições do vizinho com a carga de nossas inquietações. A exteriorização da queixa desencoraja, o verbo da aspereza vergasta, a observação maldizente confunde... Pela nossa manifestação mal conduzida para com os erros dos outros, afastamos a verdade de nós. Pela nossa expressão verbalista menos enobrecida, repelimos a bênção do amor que nos encheria do contentamento de viver. Tenhamos a precisa coragem de eliminar, por nós mesmos, os raios de nossos sentimentos e desejos descontrolados. A palavra é canal do "eu". Pela válvula da língua, nossas paixões explodem ou nossas virtudes se estendem. Cada vez que arrojamos para fora de nós o vocabulário que nos é próprio, emitimos forças que destroem ou edificam, que solapam ou restauram, que ferem ou balsamizam. Linguagem, a nosso entender, se constitui de três elementos essenciais: expressão, maneira e voz. Se não aclararmos a frase, se não apurarmos o modo e se não educarmos a voz, de acordo com as situações, somos suscetíveis de perder as nossas melhores oportunidades de melhoria, entendimento e elevação. Paulo de Tarso fornece a receita adequada aos aprendizes do Evangelho. Nem linguagem doce demais, nem amarga em excesso. Nem branda em demasia, afugentando a confiança, nem áspera ou contundente, quebrando a simpatia, mas sim "linguagem sã e irrepreensível para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós."

Emmanuel

sexta-feira, 4 de março de 2011

Há momentos na vida…


Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la.
Sonhe com aquilo que você quiser.
Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar, duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar porque em pleno dia se morre.

Clarice Lispector

quinta-feira, 3 de março de 2011

Duo MainTenanT - Benissimo

Vale a pena assistir!



Maintenant Duo -
Ex-Cirque du Soleil Artistas e Medalha de prata em Paris, no 31 Festival Mondial du Cirque de Demain, realizando no Live "benissimo" programa de TV de 2010. Música composta por Martin Villiger.
Contato: info@duomaintenant.com

Atreva-se


Bom mesmo é ir a luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,
Porque o mundo pertence a quem se atreve
A vida é muito para ser insignificante.

Charles Chaplin

quarta-feira, 2 de março de 2011

Coisas da Vida


Só para os mais importantes...
Já escondi um amor com medo de perdê-lo,
Já perdi um amor por escondê-lo...
Já segurei nas mãos de alguém por estar com medo,
Já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
já expulsei pessoas que amava de minha vida,
Já me arrependi por isso...
Já passei noites chorando até pegar no sono,
Já fui dormir tão feliz,
Ao ponto de nem conseguir fechar os olhos...
Já acreditei em amores perfeitos,
Já descobri que eles não existem...
Já amei pessoas que me decepcionaram,
Já decepcionei pessoas que me amaram...
Já passei horas na frente do espelho
Tentando descobrir quem sou,
Já tive tanta certeza de mim,
Ao ponto de querer sumir...
Já menti e me arrependi depois,
Já falei a verdade
E também me arrependi...
Já fingi não dar importância a pessoas que amava,
Para mais tarde chorar quieto em meu canto...
Já sorri chorando lágrimas de tristeza,
já chorei de tanto rir...
Já liguei pra quem não queria
Apenas para não ligar para quem realmente queria
já corri atrás de um carro,
por que ele levar alguém que eu amava embora.
Já chamei pela mãe no meio da noite
Fugindo de um pesadelo,
Mas ela não apareceu
E foi pesadelo maior ainda...
Já chamei pessoa próximas de "amigo"
E descobri que não eram;
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada
E sempre foram e serão especiais para mim...
Não me dêem fórmulas certas,
Porque eu não espero acertar sempre...
Não me mostre o que esperam de mim,
Porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que eu não sou,
Não me convidem a ser igual,
Porque sinceramente sou diferente!...
Não sei amar pela metade,
Não sei viver de mentiras,
Não sei voar com os pés no chão...
Sou sempre eu mesma,
mas com certeza não serei a mesma para sempre...
Com o tempo aprendi que o que importa não é o que você tem na vida, mas QUEM você tem na vida...
E que bons amigos são a família que nos permitem escolher...
Gosto de cada um de vocês de um jeito especial e único...

Clarice por Clarice

terça-feira, 1 de março de 2011

Amizade e Relação Amorosa


Aprendemos a pensar sobre as amizades como sendo um forte elo emocional entre pessoas do mesmo sexo, que se caracteriza pela ausência de interesse sexual, ao menos de forma explícita. Por essa perspectiva, a amizade corresponderia ao fenômeno do amor, livre de ingredientes eróticos. Qualquer intromissão do tipo seria fatal. A amizade desapareceria, transformando-se em relacionamento amoroso.

Cabe registrar o caráter extremamente dramático relacionado com a ruptura dos elos de amizade, em especial quando ela se dá por uma inesperada decepção com o amigo. Além da frustração pelo fim da relação gratificante, resta o gosto amargo de não se poder confiar em mais ninguém, uma espécie de decepção com toda a humanidade. Sobra também a desconfiança em relação a nós mesmos, que pensávamos ter um critério apurado para saber quem é o outro e, de repente, somos surpreendidos por um grave erro de avaliação.

A observação serve de deixa para que eu reafirme a importância de distinguirmos entre um verdadeiro elo de amizade e as ligações superficiais com pessoas conhecidas, que muitos chamam também de amigos. Amizade é coisa séria; já os conhecidos são muitos e, quase sempre, nem os conhecemos bem. Podemos ter uma impressão favorável de muitos deles, e até mesmo desenvolver um relacionamento íntimo. Mas amigo é aquele em quem confiamos plenamente.

Como regra, a amizade não envolve coisas práticas, a não ser pequenas trocas de favores ou ajuda em situações dramáticas. A amizade deveria ser importante na escolha de parceiros e sócios em geral, mas isso não corresponde aos fatos.

A partir dos anos 70, muitos dos nossos processos íntimos se alteraram. Uma das causas da mudança é a crescente igualdade entre os sexos. As amizades se tornaram freqüentes entre pessoas de sexos opostos. Mas, nesse caso, pode surgir um ingrediente difícil de administrar – o do desejo sexual. Refiro-me à verdadeira amizade, não àquilo que os paqueradores chamam de “amizade colorida”, para sofisticar um discurso de sedução em que o objetivo é a intimidade sexual descartável.

Para as pessoas mais sérias, e falando de amizade verdadeira, cuja preservação é muito importante, o tema é intrigante. Só por puro preconceito ou por medo um homem e uma mulher deixam de parecer atraentes um para o outro em função da amizade. Era assim no passado, quando o uso da palavra amigo determinava que a sexualidade inexistia. Gostar de estar junto, de trocar idéias sobre as coisas relevantes e as sem importância, achar graça na forma do outro ser, falar, rir etc. Tudo isso, em princípio, deveria despertar o desejo de intimidade física. Será mais razoável termos intimidade física com uma pessoa amiga e confiável do que com alguém desconhecido.

Na vida real, as coisas não acontecem assim por variadas e complexas razões. Somos mais apegados aos preconceitos do que pensamos. E amizade é algo que, por princípio, não inclui sexo. Ao pensar em intimidade física entre amigos, surgem dois medos. O óbvio é o de perdemos o amigo, por algum tipo de contratempo; e o outro, talvez o mais importante, é o de que a amizade, com a introdução do elemento erótico, se torne uma paixão fulminante. O tema é fascinante e ainda voltaremos a ele.

Flávio Gikovate - Junho/2000