quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sem remédio


Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.
E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!
Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!
E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!

Florbela Espanca

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Viver e escrever


Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento.
Sinceramente não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.

Não sei mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja exatamente o que me salvará da literatura.
O que é que se tornou importante para mim? No entanto, o que quer que seja, é através da literatura que poderá talvez se manifestar.”

Até hoje eu por assim dizer não sabia que se pode não escrever. Gradualmente, gradualmente até que de repente a descoberta tímida: quem sabe, também eu já poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável.

Clarice Lispector

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Aprendendo a curtir os verdadeiros prazeres positivos


OS PRAZERES DO CORPO - Vive bem quem consegue superar mais ou menos rapidamente as dores inexoráveis da nossa condição e que tem os meios necessários para viver próximo do ponto de equilíbrio, usufruindo de um bem-estar bastante gratificante. Esses são ingredientes essenciais à felicidade. Ela seria incompleta e desinteressante se fosse composta apenas disso. A ela se agregam os prazeres positivos, aqueles que não dependem da existência prévia de nenhum tipo de desconforto ou dor.

O exemplo mais típico de um prazer positivo é a excitação sexual: saímos do zero, do bem-estar, para um estado de inquietação sentido como extraordinariamente agradável. Sentimos a excitação e somos conscientes disso. Quando ela é muito intensa pode até mesmo interromper o processo de pensamento, determinando um estado de êxtase efêmero, mas suficientemente gratificante para justificar a busca insistente do prazer erótico por parte de quase todo o mundo.

A excitação sexual se manifesta a partir da estimulação táctil das zonas erógenas tanto quando elas são praticadas individualmente como também quando elas derivam de trocas de carícias entre duas pessoas. Nos homens, a excitação pode depender também de estímulos visuais, sem que haja nenhum tipo de contato. Os objetos de desejo sexual são de natureza muito diferente dos objetos amorosos, pois são múltiplos e indiscriminados; e nem sempre estão em sintonia com os sentimentos amorosos. O objeto do amor é muito específico, de modo que penso que só neste caso cabe falar em efetiva relação. As trocas de carícias eróticas são chamadas de relações sexuais, mas não sei se chegam a ser mesmo “relações” – isso quando acontecem fora do envolvimento amoroso.

A questão sexual é extraordinariamente complexa em nossa espécie por diversos motivos. Como as “relações sexuais” podem determinar a reprodução, sempre estiveram fortemente regulamentadas. Sempre foram mal vistas por certas correntes religiosas por serem fonte de grandes prazeres. Além disso, contém mais um ingrediente, este sim difícil de ser equacionado. Estou me referindo à vaidade, ao prazer erótico relacionado com o exibicionismo, com o atrair olhares de admiração e eventualmente de desejo, com o ato de se destacar. O destaque pode acontecer por força da beleza ou outras competências físicas extraordinárias. Ele pode se manifestar também em outras áreas, como nas realizações profissionais, artísticas ou intelectuais. Atraem a admiração e despertam uma excitação muito grande na pessoa que consegue se sobressair.

Penso na vaidade como o mais complicado elemento da nossa subjetividade. Ela é responsável pela busca de notoriedade, de chamar a atenção, da pessoa se sobrepor às outras. Acontece que aquelas que não conseguem igual destaque – e que são a maioria – se sentem diminuídas, incomodadas, invejosas e revoltadas. O destaque implica sempre na presença de propriedades incomuns, privilégio de uma minoria. Constituem-se assim as “felicidades aristocráticas”, relacionadas com a beleza física, com dotes atléticos espetaculares, com uma inteligência privilegiada, algum dote artístico valorizado ou mesmo a posse de muitos bens materiais. Elas podem fazer bem aos que as possuem, mas desequilibram as sociedades, gerando ondas de hostilidade invejosa insolúveis.

O sexo é prazer físico positivo por excelência e, por meio da vaidade, pode contaminar também os prazeres intelectuais. Existem outros prazeres físicos e que são de natureza mais democrática. Talvez devêssemos, como sociedade e como indivíduos, nos ater mais a eles. Podemos nos deleitar com a dança, com os esportes individuais por meio dos quais estamos apenas nos tornando cada vez mais bem condicionados – sem expectativa competitiva alguma. Ficamos felizes ao conseguirmos chegar ao peso desejado, ao sentirmos nosso corpo rendendo o máximo. Essas são “felicidades democráticas”, uma vez que estão aí à disposição de todos aqueles que se disciplinarem e dedicarem algumas horas da semana ao cultivo do corpo.

OS PRAZERES INTELECTUAIS - Graças ao “software” sofisticado que conseguimos construir, fomos capazes de desenvolver prazeres intelectuais autônomos – apesar de que eles também estão contaminados com a vaidade, elemento erótico por excelência. Aprender é um prazer positivo que nos acompanha desde tenra infância e que deveria ser cultivado sempre. Aprender é prazer profundamente democrático, já que aí há espaço para que todos evoluam. Perceber que conseguimos apreciar melhor as artes, que podemos curtir cada vez mais e melhor os bons filmes, que as conversas sofisticadas com os amigos queridos são uma delícia e que estamos sendo capazes de evoluir emocional e moralmente talvez sejam nossos maiores prazeres intelectuais, certamente os únicos comparáveis com os prazeres do sexo. Os genuínos prazeres intelectuais independem da vaidade, pois a boa conversa e a emoção ao ouvir uma música não necessitam de observadores – essenciais no exibicionismo.

Os avanços intelectuais e morais nos levam a ser criaturas disciplinadas e costumam trazer grande satisfação íntima. O que chamamos de auto-estima é relacionado com isso, uma vez que podemos fazer um juízo cada vez melhor de nós mesmos. Eles vêm acompanhados de melhores resultados práticos, o que reforça a vaidade. Os avanços profissionais se tornam quase que inevitáveis.

Um outro avanço fundamental também ocorre e esse tem a ver com o aspecto sentimental. Uma boa auto-estima altera o foco da admiração, que passa a se dirigir na direção das pessoas com quem as afinidades predominam. Passamos a nos encantar por pessoas escolhidas segundo os mesmos critérios que os amigos, ou seja, aqueles com quem temos o enorme prazer intelectual derivado de conversas intensas e sinceras. Amigos são criaturas confiáveis. Amigos determinam prazeres positivos porque não precisamos nos sentir desamparados ou tristes para que apreciemos muito a companhia deles. Ao estabelecermos o elo relacionado ao aconchego sentimental com um parceiro que também seja o nosso melhor amigo, estaremos nos aproximando do melhor dos mundos.

Flávio Gikovate

domingo, 27 de novembro de 2011

Destralhe-se


"Bom dia, como está a alegria?", diz dona Francisca, minha faxineira, que acaba de chegar.
"Antes de começar, deixa eu te dar um abraço que preste", e ela me apertou.
Na matemática de dona Francisca, "quatro abraços por dia dão para sobreviver, oito ajudam a nos manter vivos, 12 fazem a vida prosperar". Falando nisso, "vida nenhuma prospera se estiver pesada e intoxicada".
Já ouviu falar em toxinas da casa?
Pois são objetos e roupas que você não gosta ou não usa, coisas feias ou quebradas, velhas cartas, plantas mortas ou doentes, recibos, jornais e revistas antigos, remédios vencidos, meias e sapatos estragados... Ufa, que peso!
"O que está fora está dentro e isso afeta a saúde", aprendi com dona Francisca.
"Saúde é o que interessa. O resto não tem pressa!", ela diz, enquanto me ajuda a ‘destralhar', ou liberar as tralhas da casa.
O ‘destralhamento' é uma das formas mais rápidas de transformar a vida e pode muito bem ajudar outras terapias.
"A saúde melhora, a criatividade cresce e os relacionamentos se aprimoram", também ensina o feng shui, com a delicadeza própria das artes orientais.
Para o feng shui, é comum se sentir cansado, deprimido ou desanimado em um ambiente cheio de entulho, pois "existem fios invisíveis nos ligando àquilo que possuímos".
Outros possíveis efeitos do acúmulo e da bagunça: sentir-se desorganizado, fracassado e limitado, aumento de peso, apego ao passado...
"No porão e no sótão, as tralhas viram sobrecarga; na entrada, restringem o fluxo da vida; empilhadas no chão, nos puxam para baixo; acima, são dores de cabeça; sob a cama, poluem o sono".
Então... Se dona Francisca falou e o feng shui concordou, nada de moleza!
"Oito horas para trabalhar, oito para descansar, oito para se cuidar!", diz a comadre.
E nada de limpar só por onde o padre passa...
Destralhe-se!!
"Acumular nos dá a sensação de permanência, apesar de a vida ser impermanente", diz a sabedoria oriental.
O Ocidente resiste a essa idéia e, assim, perde contato com o sagrado instante presente.
Dona Francisca me conta que "as frutas nascem azedas e, no pé, vão ficando docinhas com o tempo". A gente deveria de ser assim, ela diz.
"Destralhar ajuda a adocicar".
"Merecemos ter para ser", diz um mestre de feng shui. Se os sábios concordam, não sou eu que vou discordar...

sábado, 26 de novembro de 2011

Um vislumbre do fim


“Uma vez eu irei. Uma vez irei sozinha, sem minha alma dessa vez. O espírito, eu o terei entregue à família e aos amigos com recomendações. Não será difícil cuidar dele, exige pouco, às vezes se alimenta com jornais mesmo. Não será difícil levá-lo ao cinema, quando se vai. Minha alma eu a deixarei, qualquer animal a abrigará: serão férias em outra paisagem, olhando através de qualquer janela dita da alma, qualquer janela de olhos de gato ou de cão. De tigre, eu preferiria. Meu corpo, esse serei obrigada a levar. Mas dir-lhe-ei antes: vem comigo, como única valise, segue-me como um cão. E irei à frente, sozinha, finalmente cega para os erros do mundo, até que
talvez encontre no ar algum bólide que me rebente. Não é a violência que eu procuro, mas uma força ainda não classificada mas que nem por isso deixará de existir no mínimo silêncio que se locomove. Nesse instante há muito que o sangue já terá desaparecido. Não sei como explicar que, sem alma, sem espírito, e um corpo morto — serei ainda eu, horrivelmente esperta. Mas dois e dois são quatro e isso é o contrário de uma solução, é beco sem saída, puro problema enrodilhado em si. Para voltar de ‘dois e dois são quatro’ é preciso voltar, fingir saudade, encontrar o espírito entregue aos amigos, e dizer: como você engordou! Satisfeita até o gargalo pelos seres que mais amo. Estou morrendo meu espírito, sinto isso, sinto...”

Textos extraídos do livro Aprendendo a viver, Clarice Lispector. Rio de Janeiro:
Editora Rocco, 2004.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Aqueles dois - V


Quando começava a primavera, Saul fez aniversário. Porque achava seu amigo muito solitário, ou por outra razão assim, Raul deu a ele a gaiola com Carlos Gardel.
No começo do verão, foi a vez de Raul fazer aniversário. E porque estava sem dinheiro, porque seu amigo não tinha nada nas paredes da quitinete, Saul deu a ele a reprodução de Van Gogh. Mas entre esses dois aniversários, aconteceu aguma coisa.
No norte, quando começava dezembro, a mãe de Raul morreu e ele precisou passar uma semana fora. Desorientado, Saul vagava pelos corredores a firma esperando um telefonema que não vinha, tentando em vão concentrar-se nos despachos, processos, protocolos. Á noite, em seu quarto, ligava a televisão gastando tempo em novelas vadias ou desenhando olhos cada vez mais enormes, enquanto acariciava Carlos Gardel. Bebeu bastante, nessa semana. E teve um sonho: caminhava entre as pessoas da repartição, todas de preto, acusadoras. À exceção de Raul, todo de branco, abrindo os braços para ele. Abraçados fortemente, e tão próximos que um podia sentir o cheiro do outro. Acordou pensando mas ele é que devia estar de luto.
Raul voltou sem luto. Numa sexta de tardezinha, telefonou para a repartição pedindo a Saul que fosse vê-lo.
A voz de baixo profundo parecia ainda mais baixa, mais profunda. Saul foi. Raul tinha deixado a barba crescer. Estranhamente, ao invés de parecer mais velho ou mais duro, tinha um rosto quase de menino. Beberam muito nessa noite. Raul falou longamente da mãe — eu podia ter sido mais legal com ela, disse, e não cantou.
Quando Saul estava indo embora, começou a chorar. Sem saber ao certo o que fazia, Saul estendeu a mão e, quando percebeu, seus dedos tinham tocado a barba crescida de Raul. Sem tempo para compreenderem, abraçaram-se fortemente. E tão próximos que um podia sentir o cheiro do outro: o de Raul, flor murcha, gaveta fechada; o de Saul, colônia de barba, talco. Durou muito tempo. A mão de Saul tocava a barba de Raul, que passava os dedos pelos caracóis miúdos do cabelo do outro. Não diziam nada. No silêncio era possível ouvir uma torneira pingando longe. Tanto tempo durou que, quando Saul levou a mão ao cinzeiro, o cigarro era apenas uma longa cinza que ele esmagou sem compreender.
Afastaram-se, então. Raul disse qualquer coisa como eu não tenho mais ninguém no mundo, e Saul outra coisa qualquer como você tem a mim agora, e para sempre. Usavam palavras grandes — ninguém, mundo, sempre — e apertavam-se as duas mãos ao mesmo tempo, olhando-se nos olhos injetados de fumo e álcool. Embora fosse sexta e não precisassem ir à repartição na manhã seguinte, Saul despediu-se. Caminhou durante horas pelas ruas desertas, cheias apenas de gatos e putas. Em casa; acariciou Carlos Gardel até que os dois dormissem. Mas um pouco antes, sem saber por quê, começou a chorar sentindo-se só e pobre e feio e infeliz e confuso e abandonado e bêbado e triste, triste, triste. Pensou em ligar para Raul, mas não tinha fichas e era muito tarde.
Depois, chegou o Natal, o Ano-Novo que passaram juntos, recusando convites dos colegas de repartição. Raul deu a Saul uma reprodução do Nascimento de Vênus, que ele colocou na parede exatamente onde estivera o quarto de Van Gogh. Saul deu a Raul um disco chamado Os Grandes Sucessos de Dalva de Oliveira. O que mais ouviram foi Nossas Vidas, prestando atenção no pedacinho que dizia até nossos beijos parecem beijos de quem nunca amou.
Foi na noite de trinta e um, aberta a champanhe na quitinete de Raul, que Saul ergueu a taça e brindou à nossa amizade que nunca nunca vai terminar. Beberam até quase cair. Na hora de deitar, trocando a roupa no banheiro, muito bêbado, Saul falou que ia dormir nu. Raul olhou para ele e disse você tem um corpo bonito. Você também, disse Saul, e baixou os olhos. Deitaram
ambos nus, um na cama atrás do guarda-roupa, outro no sofá. Quase a noite inteira, um conseguia ver a brasa acesa do cigarro do outro, furando o escuro feito um demônio de olhos incendiados. Pela manhã, Saul foi embora sem se despedir para que Raul não percebesse suas fundas olheiras.
Quando janeiro começou, quase na época de tirarem férias — e tinham planejado, juntos, quem sabe Parati, Ouro Preto, Porto Seguro — ficaram surpresos naquela manhã em que o chefe de seção os chamou, perto do meio-dia. Fazia muito calor. Suarento, o chefe foi direto ao assunto. Tinha recebido algumas cartas anônimas.
Recusou-se a mostrá-las. Pálidos, ouviram expressões como "relação anormal e ostensiva", "desavergonhada aberração", "comportamento doentio", "psicologia deformada", sempre assinadas por Um Atento Guardião da Moral. Saul baixou os olhos desmaiados, mas Raul colocou-se em pé. Parecia muito alto quando, com uma das mãos apoiadas no ombro do amigo e a outra erguendo-se atrevida no ar, conseguiu ainda dizer a palavra nunca, antes que o chefe, entre coisas como a-reputação-de-nossa-firma, declarasse frio: os senhores estão despedidos.
Esvaziaram lentamente cada um a sua gaveta, a sala deserta na hora do almoço, sem se olharem nos olhos. O sol de verão escaldava o tampo de metal das mesas. Raul guardou no grande envelope pardo um par de olhos enormes, sem íris nem pupilas, presente de Saul, que guardou no seu grande envelope pardo, com algumas manchas de café, a letra de Tú Me Acostumbraste,
escrita à mão por Raul numa tarde qualquer de agosto. Desceram juntos pelo elevador, em silêncio.
Mas quando saíram pela porta daquele prédio grande e antigo, parecido com uma clínica ou uma penitenciária, vistos de cima pelos colegas todos postos na janela, a camisa branca de um, a azul do outro, estavam ainda mais altos e mais altivos. Demoraram alguns minutos na frente do edifício.
Depois apanharam o mesmo táxi, Raul abrindo a porta para que Saul entrasse.
Ai-ai, alguém gritou da janela. Mas eles não ouviram. O táxi já tinha dobrado a esquina.
Pelas tardes poeirentas daquele resto de janeiro, quando o sol parecia a gema de um enorme ovo frito no azul sem nuvens no céu, ninguém mais conseguiu trabalhar em paz na repartição. Quase todos ali dentro tinham a nítida sensação de que seriam infelizes para sempre. E foram.

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Aqueles dois - IV


Os fins de semana tornaram-se tão longos que um dia, no meio de um papo qualquer, Raul deu a Saul o número de seu telefone, alguma coisa que você precisar, se ficar doente, a gente nunca sabe. Domingo depois do almoço, Saul telefonou só para saber o que o outro estava fazendo, e visitou-o, e jantaram juntos a comidinha mineira que a empregada deixara pronta sábado. Foi dessa vez que, ácidos e unidos, falaram no tal deserto, nas tais almas. Há quase seis meses se conheciam. Saul deu-se bem com Carlos Gardel, que ensaiou um canto tímido ao cair da noite. Mas quem cantou foi Raul: Perfídia, La Barca e, a pedido de Saul, outra vez, duas vezes, Tú Me Acostumbraste. Saul gostava principalmente daquele pedacinho assim sutil llegaste a mí como una tentación llenando de inquietud mi corazón.
Jogaram algumas partidas de buraco e, por volta das nove, Saul se foi.
Na segunda, não trocaram uma palavra sobre o dia anterior. Mas falaram mais que nunca, e muitas vezes foram ao café. As moças em volta espiavam, às vezes cochichando sem que eles percebessem. Nessa semana, pela primeira vez almoçaram juntos na pensão de Saul, que quis subir ao quarto para mostrar os desenhos, visitas proibidas à noite, mas faltavam cinco para as duas e o relógio de ponto era implacável. Saíam e voltavam juntos, desde então, geralmente muito alegres.
Pouco tempo depois, com pretexto de assistir a Vagas Estrelas da Ursa na televisão de Saul, Raul entrou escondido na pensão, uma garrafa de conhaque no bolso interno do paletó. Sentados no chão, costas apoiadas na cama estreita, quase não prestaram atenção no filme. Não paravam de falar. Cantarolando Io Che Non Vivo, Raul viu os desenhos, olhando longamente a reprodução de Van Gogh, depois perguntou como Saul conseguia viver naquele quartinho tão pequeno.
Parecia sinceramente preocupado. Não é triste? perguntou. Saul sorriu forte: a gente acostuma.
Aos domingos, agora, Saul sempre telefonava. E vinha.
Almoçavam ou jantavam, bebiam, fumavam, falavam o tempo todo. Enquanto Raul cantava — vezenquando El Día Que Me Quieras, vezenquando Noche de Ronda —, Saul fazia carinhos lentos na cabecinha de Carlos Gardel, pousado no seu dedo indicador. Às vezes olhavam-se. E sempre sorriam. Uma noite, porque chovia, Saul acabou dormindo no sofá. Dia seguinte, chegaram juntos à repartição, cabelos molhados do chuveiro. As moças não falaram com eles. Os funcionários barrigudos e desalentados trocaram alguns olhares que os dois não saberiam compreender, se percebessem. Mas nada perceberam, nem os olhares nem duas ou três piadas. Quando faltavam dez minutos para as seis, saíram juntos, altos e altivos, para assistir ao último filme de Jane Fonda.

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Aqueles dois - III


Cruzavam-se, silenciosos mas cordiais, junto à garrafa térmica do cafezinho, comentando o tempo ou a chatice do trabalho, depois voltavam às suas mesas.
Muito de vez em quando, um pedia um cigarro ao outro, e quase sempre trocavam frases como tanta vontade de parar, mas nunca tentei, ou já tentei tanto, agora desisti. Durou tempo, aquilo. E teria durado muito mais, porque serem assim fechados, quase remotos, era um jeito que traziam de longe. Do norte, do sul.
Até um dia em que Saul chegou atrasado e, respondendo a um vago que que houve, contou que tinha ficado até tarde assistindo a um velho filme na televisão. Por educação, ou cumprindo um ritual, ou apenas para que o outro não se sentisse mal chegando quase às onze, apressado, barba por fazer, Raul deteve os dedos sobre o teclado da máquina e perguntoü: que filme? Infâmia, Saul contou baixo, Audrey Hepburn, Shirley MacLayne, um filme muito antigo, ninguém conhece.
Raul olhou-o devagar, e mais atento, como ninguém conhece? eu conheço e gosto muito. Abalado, convidou Saul para um café e, no que restava daquela manhã muito fria de junho, o prédio feio mais que nunca parecendo uma prisão ou uma clínica psiquiátrica, falaram sem parar sobre o filme.
Outros filmes viriam, nos dias seguintes, e tão naturalmente como se de alguma forma fosse inevitável, também vieram histórias pessoais, passados, alguns sonhos, pequenas esperança e
sobretudo queixas. Daquela firma, daquela vida, daquele nó, confessaram uma tarde cinza de sexta, apertado no fundo do peito. Durante aquele fim de semana obscuramente desejaram, pela primeira vez, um em sua quitinete, outro na pensão, que o sábado e o domingo caminhassem depressa para dobrar a curva da meia-noite e novamente desaguar na manhã de segunda-feira quando, outra vez, se encontrariam para: um café. Assim foi, e contaram um que tinha bebido além da conta, outro que dormira quase o tempo todo. De muitas coisas falaram aqueles dois nessa manhã, menos da falta que sequer sabiam claramente ter sentido.
Atentas, as moças em volta providenciavam esticadas aos bares depois do expediente, gafieiras, discotecas, festinhas na casa de uma, na casa de outra. A princípio esquivos, acabaram cedendo, mas quase sempre enfiavam-se pelos cantos e sacadas para contar suas histórias intermináveis. Uma noite, Raul pegou o violão e cantou Tú Me Acostumbraste. Nessa mesma festa, Saul bebeu demais e vomitou no banheiro. No caminho até os táxis separados, Raul falou pela primeira vez no casamento desfeito. Passo incerto, Saul contou do noivado antigo. E concordaram, bêbados, que estavam ambos cansados de todas as mulheres do mundo, suas tramas complicadas, suas exigências mesquinhas. Que gostavam de estar assim, agora, sós, donos de suas próprias vidas. Embora, isso não disseram, não soubessem o que fazer com elas.
Dia seguinte, de ressaca, Saul não foi trabalhar nem telefonou. Inquieto, Raul vagou o dia
inteiro pelos corredores subitamente desertos, gelados, cantando baixinho Tú Me Acostumbraste, entre inúmeros cafés e meio maço de cigarros a mais que o habitual.

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Aqueles dois - II


Eram dois moços sozinhos. Raul tinha vindo do norte, Saul tinha vindo do sul.
Naquela cidade, todos vinham do norte, do sul, do centro, do leste — e com isso quero dizer que esse detalhe não os tornaria especialmente diferentes. Mas no deserto em volta, todos os outros tinham referenciais, uma mulher, um tio, uma mãe, um amante. Eles não tinham ninguém naquela cidade — de certa forma, também em nenhuma outra —, a não ser a si próprios. Diria também que não tinham nada, mas não seria inteiramente verdadeiro. Além do violão, Raul tinha um telefone alugado, um toca-discos com rádio e um sabiá na gaiola, chamado Carlos Gardel. Saul, uma televisão colorida com imagem fantasma, cadernos de desenho, vidros de tinta nanquim e um livro com reproduções de Van Gogh. Na parede do quarto de pensão, uma outra reprodução de Van Gogh: aquele quarto com a cadeira de palhinha parecendo torta, a cama estreita, as tábuas do assoalho, colocado na parede em frente à cama. Deitado, Saul tinha às vezes a impressão de que o quadro era um espelho refletindo, quase fotograficamente, o próprio quarto, ausente apenas ele mesmo. Quase sempre, era nessas ocasiões que desenhava. Eram dois moços bonitos também, todos achavam. As mulheres da repartição, casadas, solteiras, ficaram nervosas quando eles surgiram, tão altos e altivos, comentou, olhos arregalados, uma das secretárias. Ao contrário dos outros homens, alguns até mais jovens, nenhum tinha barriga ou aquela postura desalentada de quem carimba ou datilografa papéis oito horas por dia. Moreno de barba forte azulando o rosto, Raul era um pouco mais definido, com sua voz de baixo profundo, tão adequada aos boleros amargos que gostava de cantar. Tinham a mesma altura, o mesmo porte, mas Saul parecia um pouco menor, mais frágil, talvez pelos cabelos claros, cheios de caracóis miúdos, olhos assustadiços, azul desmaiado. Eram bonitos juntos, diziam as moças. Um doce de olhar. Sem terem exatamente consciência disso, quando juntos os dois aprumavam ainda mais o porte e, por assim dizer, quase cintilavam, o bonito de dentro de um estimulando o bonito de fora do outro, e vice-versa. Como se houvesse entre aqueles dois, uma estranha e secreta harmonia.

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Aqueles dois - I

(História de aparente mediocridade e repressão)
A verdade é que não havia mais ninguém em volta. Meses depois, não no começo, um deles diria que a repartição era como "um deserto de almas". O outro concordou sorrindo, orgulhoso, sabendo-se excluído. E longamente, entre cervejas, trocaram então ácidos comentários sobre as mulheres mal-amadas e vorazes, os papos de futebol, amigo secreto, lista de presente,
bookmaker, bicho, endereço de cartomante, clips no relógio de ponto, vezenquando salgadinhos no fim do expediente, champanha nacional em copo de plástico. Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra — talvez por isso, quem sabe? Mas nenhum se perguntou. Não chegaram a usar palavras como "especial", "diferente" ou qualquer coisa assim. Apesar de, sem efusões, terem se reconhecido no primeiro segundo do primeiro minuto.
Acontece porém que não tinham preparo algum para dar nome às emoções, nem mesmo para tentar entendê-las. Não que fossem muito jovens, incultos demais ou mesmo um pouco burros. Raul tinha um ano mais que trinta; Saul, um menos. Mas as diferenças entre eles não se limitavam a esse tempo, a essas letras. Raul vinha de um casamento fracassado, três anos e nenhum filho. Saul, de um noivado tão interminável que terminara um dia, e um curso frustrado de Arquitetura. Talvez por isso, desenhava. Só rostos, com enormes olhos sem íris nem pupilas. Raul ouvia música e, às vezes, de porre, pegava o violão e cantava, principalmente velhos boleros em espanhol. E cinema, os dois gostavam. Passaram no mesmo concurso para a mesma firma, mas não se encontraram durante os testes. Foram apresentados no primeiro dia de trabalho de cada um. Disseram prazer, Raul, prazer, Saul, depois como é mesmo o seu nome? sorrindo divertidos da coincidência. Mas discretos, porque eram novos na firma e a gente, afinal, nunca
sabe onde está pisando. Tentaram afastar-se quase imediatamente, deliberando limitarem-se a um cotidiano oi, tudo bem ou, no máximo, às sextas, um cordial bom fim de semana, então. Mas desde o princípio alguma coisa — fados, astros, sinas, quem saberá? conspirava contra (ou a favor, por que não?) aqueles dois. Suas mesas ficavam lado a lado. Nove horas diárias, com intervalo de uma para o almoço. E perdidos no meio daquilo que Raul (ou teria sido Saul?)
chamaria, meses depois, exatamente de "um deserto de almas", para não sentirem tanto frio, tanta sede, ou simplesmente por serem humanos, sem querer justificá-los — ou, ao contrário, justificando-os plena e profundamente, enfim:
que mais restava àqueles dois senão, pouco a pouco, se aproximarem, se conhecerem, se misturarem? Pois foi o que aconteceu. Tão lentamente que mal perceberam.

Caio Fernando Abreu

domingo, 20 de novembro de 2011

Há momentos na vida…


Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la.
Sonhe com aquilo que você quiser.
Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e
nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus
caminhos. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as
decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar, duram uma
eternidade.
A vida não é de se brincar porque em pleno dia se morre.

Clarice Lispector

sábado, 19 de novembro de 2011

Mulheres Gostosas


"Mulheres gostosas" são mulheres de boa conversa,
de sorriso fácil, de olhar doce, de troca, de cumplicidade,
...não precisam mostrar o corpo enxuto e malhado,
não precisam beber até cair,
não precisam ser esteriótipos formosos de uso fácil e rápido.
"Mulheres gostosas" não são impressionáveis, nem carentes,
muito pelo contrario vivem a vida com intensidade,
mas não a intensidade da volupia, do afã de ter e controlar.
Essas "Mulheres gostosas"
são verdadeiramente gostosas de curtir,
são assumidas de suas capacidades atrativas,
que são muitas, são especiais sem dever nada a nenhuma misse
o carinho e o cuidado com que nos tratam e de cair o queixo,
portanto não devemos nos impressionar com esse arrastão de
meninas cheirosinhas, arrumadinhas e aprumadinhas que dão mais
trabalho do que emoções.
Os homens superficiais vão entender isso daqui uns 15 anos, mais ou menos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Uma pausa para o amor.


Antes de tratarmos dos prazeres positivos, penso que cabe um destaque especial para o amor, fonte das maiores confusões e mal entendidos. Vou tentar ser claro e rigoroso na defesa do meu ponto de vista. Penso que o amor é o sentimento que temos pela pessoa cuja presença nos provoca a sensação de paz e aconchego que tanto necessitamos. Trata-se, pois, de um prazer negativo porque alivia a dor que acompanha a sensação de desamparo que nos persegue desde o instante em que nascemos. Entendido o fenômeno desta forma, fica claro que nosso primeiro objeto de amor é a mãe e que todos os outros, ao longo da vida adulta, são substitutos dela. Entendo o amor como um sentimento que deriva do trauma do nascimento, momento da “expulsão do paraíso” e fim da harmonia uterina. O desamparo deriva daí e faz com que nos sintamos incompletos quando estamos sozinhos. Buscamos refazer o bem-estar perdido por meio de alianças com outras pessoas. O caráter quase físico desta aliança corresponde ao amor. Logo mais tratarei de outros aspectos relacionados com os elos adultos. De todo o modo, que fique claro desde já que o sexo não tem nada a ver com o amor – o que não quer dizer que não possa se acoplar a ele. O sexo é excitação derivada da estimulação, por parte da criança, de suas zonas erógenas. O amor tem objeto – a mãe – ao passo que o sexo é pessoal – a criança toca a si mesma.

Flávio Gikovate

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A todos


A todos trato muito bem
sou cordial, educada, quase sensata,
mas nada me dá mais prazer
do que ser persona non grata
expulsa do paraiso
uma mulher sem juízo, que não se comove
com nada
cruel e refinada
que não merece ir pro céu, uma vilã de novela
mas bela, e até mesmo culta
estranha, com tantos amigos
e amada, bem vestida e respeitada
aqui entre nós
melhor que ser boazinha é não poder ser imitada.

Martha Medeiros

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

E tudo mudou...


O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças

Luis Fernando Veríssimo

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Será que é preciso amar a si mesmo antes de amar aos outros?


Sempre me surpreendo ao ouvir as pessoas falarem, com convicção, frases conhecidas, tidas como verdades, sobre as quais pouco refletiram. Elas correspondem às crenças, pontos de vista que herdamos daqueles que nos antecederam. Temos o dever de repensar tudo, uma vez que novos conhecimentos podem criar maneiras mais sofisticadas de encarar os temas que tanto nos interessam.

Esta é uma destas frases: “se eu não conseguir me amar primeiro, não serei capaz de amar ninguém”. Isso é dito e pensado a propósito da possibilidade de estabelecermos um relacionamento íntimo, estável e de boa qualidade. Não se está falando em termos genéricos, de modo que ela não está diretamente ligada ao ditame bíblico de que devemos “amar ao próximo como a nós mesmos”.

O “próximo” do texto bíblico é qualquer pessoa com a qual estabelecemos algum tipo de relação e não aquele ser especial com quem queremos estabelecer um relacionamento íntimo, de preferência estável e definitivo. Além disso, penso que a idéia religiosa diz respeito ao tratamento e aos direitos, ou seja, de que devemos considerar os outros como portadores de direitos iguais àqueles que atribuímos a nós.

A forma como tenho pensado acerca do amor não nos permite falar em amor por si mesmo. Isso porque ele acontece sempre em condições interpessoais. O amor corresponde ao sentimento que temos por aquela pessoa cuja presença provoca em nós a adorável sensação de paz e aconchego. A primeira manifestação desse sentimento corresponde ao que acontece entre mãe e filho, talvez ainda durante a vida intra-uterina, mas, certamente, a partir do nascimento: a criança, desamparada e ameaçada por desconfortos de todo o tipo, se sente bem e aconchegada pela presença física da mãe e a ama; esta, por sua vez, sente enorme prazer em estar com seu bebê no colo e sente por ele enorme amor justamente porque ela também se sente aconchegada por ele.

O primeiro sentimento interpessoal é o de amor. É claro que a criança, frustrada pela ausência da mãe, também pode ficar revoltada e chorar muito por se sentir abandonada. Talvez o segundo sentimento seja mesmo de raiva, que também é interpessoal (depende de um agressor externo). À medida que os meses se passam e a criança vai se diferenciando, ela passa a pesquisar o mundo que a cerca, inclusive a si mesma. Ao tocar certas partes do seu corpo, experimenta uma sensação muito agradável de excitação. Trata-se de excitação sexual, esta sim pessoal e auto-erótica.

Quando se pensa no sexo e amor como parte do mesmo processo, o que não é o meu ponto de vista, pode-se pensar que exista algum tipo de afeição da criança (e depois do adulto) por si mesmo. Acontece que com a separação entre esses dois fenômenos (sendo fato que o amor acontece antes do sexo), podemos pensar no sexo como um fenômeno pessoal, mas não no amor como tal. Assim, existe auto-erotismo, mas não existe amor por si mesmo: o amor pede objeto e o primeiro objeto é nossa mãe.

Estas considerações são de natureza mais teórica. Vamos agora à prática, na qual constatamos que a grande maioria das pessoas não tem um bom juízo de si mesma. Isso significa que elas não têm boa auto-estima, o que costuma ser tratado como sinônimo de ausência de amor por si mesmas. Estima é uma palavra que pode estar associada a amor, mas também significa valor; penso mais neste segundo aspecto, de modo que baixa auto-estima significa que não estou satisfeito com o meu jeito de ser. Eu sou o juiz e também aquele que é avaliado, no caso, de forma negativa. Se isso, de fato, implicar em incapacidade para amar, podemos afirmar que o amor não existe!

O que acontece não é nada disso. Aquele que tem de si um juízo negativo costuma se interessar por alguém que seja o seu oposto. Isso sim é a regra do que acontece na realidade: nos encantamos pelos que são o oposto de nós, já que não gostamos nem um pouco do nosso jeito de ser. As pessoas que acompanham meu trabalho sabem que considero este tipo de aliança um tanto precária e, hoje em dia, com tendência a uma vida curta.

Podemos dizer que quem não tem boa auto-estima (expressão melhor do que “aquele que não se ama”) tende a amar seu oposto. A qualidade deste tipo de relacionamento é muito duvidosa, de modo que, nesse sentido, podemos dizer que aqueles que têm uma boa auto-estima (expressão que substitui, com vantagens, “aquele que se ama”) tendem a estabelecer relacionamentos amorosos muito melhores encaixados e bastante mais gratificantes.

Ao pensarmos por esta ótica e se considerarmos como amor apenas este segundo tipo de relacionamento, entre pessoas de temperamento e caráter afins, podemos dizer que ele depende vitalmente de uma boa auto-estima. Como ela é rara, também serão raros os relacionamentos amorosos. Acontece que não me parece razoável pensar assim, já que os relacionamentos entre opostos também implicam em aconchego e intimidade – apesar dos problemas, conflitos, ciúmes e brigas de todos os tipos. Assim, só poderíamos mesmo é afirmar que para sermos muito felizes no amor temos antes que nos entender conosco mesmos. Talvez seja essencial um avanço na capacidade de ficar bem consigo mesmo, de correção daqueles aspectos que não gostamos em nós e do atingimento de um estado de conciliação com nossa forma de ser para que possamos estar verdadeiramente prontos para um relacionamento amoroso no qual as delícias do aconchego possam nos satisfazer plenamente.

Flávio Gikovate

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Vestido púrpura


“Quando eu ficar velha, vou me vestir de púrpura.
Com um chapéu vermelho que não combina, e não me deixa bem.
Quero gastar minha aposentadoria em conhaque, luvas de seda, sandálias de cetim, e depois dizer que não sobrou dinheiro para a manteiga.
Quero sentar-me no chão quando estiver cansada, pegar amostras grátis nas lojas, apertar os botões de alarme, raspar minha bengala nos gradis das ruas.
Para compensar a sobriedade de minha juventude, vou sair de chinelos na chuva, e colherei flores nos jardins alheios.
E vou cuspir no chão.
Vou poder usar blusas horríveis, vou poder engordar”.
Jenny Joseph

domingo, 13 de novembro de 2011

O que significa, na prática, viver em paz?


Vamos caminhar bem devagar e tratar de pensar um pouco mais sobre cada um destes itens. Somos um animal muito especial, dotado de um sistema nervoso central privilegiado e que foi capaz de ser utilizado de forma sofisticada graças à elaboração da linguagem – que talvez seja nossa mais importante criação. Costumo dizer que nosso cérebro é o “hardware” e que o utilizamos porque fomos capazes de elaborar um “software” competente. Nascemos com o cérebro pronto, mas o “software” foi construído por nossa espécie. É nossa marca registrada, nossa maior conquista, nossa alma. Nos distancia de forma definitiva e radical dos outros animais, apesar de conter inúmeros erros – e não poderia ser diferente, pois foi criada por nós e sem a ajuda de nenhum manual!

Ainda assim, somos parte do reino animal. E nele as reações químicas, os equilíbrios e desequilíbrios entre os líquidos que envolvem as células e o conteúdo delas, as sensações de saciedade, fome e sede, a necessidade de eliminar excrementos, os calores e frios acontecem continuamente. Nos equilibramos e nos desequilibramos em todos estes aspectos da biologia o tempo todo. Vivemos ao redor de um ponto de equilíbrio, de um estado chamado homeostase. Agora, este estado é sempre momentâneo: estamos saciados de comida e bebida (equilíbrio) e logo depois voltamos a sentir sede ou fome (desequilíbrio); nos alimentamos e nos reequilibramos. O mesmo acontece com tudo o que diz respeito ao nosso organismo.

Nosso psiquismo registra, sob a forma de pensamentos e sensações, o que acontece no organismo. Nos sentimos bem por algum tempo e logo surge algum desconforto – desequilíbrio – que nos impulsiona na direção de tentar neutralizá-lo. O equilíbrio se refaz e se desfaz o tempo todo. Nos sentimos bem quando conseguimos passar a maior parte do tempo perto deste ponto de equilíbrio, próximo do ponto que corresponde ao chamado equilíbrio homeostático. Oscilar em torno dele é viver bem e em paz.

Se estivéssemos o tempo todo em paz, talvez nos sentiríamos um tanto entediados. Mas não é necessário nos preocuparmos com isso porque se trata de uma condição que jamais irá acontecer. Na vida real sempre experimentaremos alguns desconfortos. Sentiremos fome e isso é doloroso. Quando conseguirmos ter acesso ao alimento, sentiremos um prazer que deriva do fim desta dor. É interessante reprisar que, em nós, existe uma clara sensação de prazer quando saímos de uma condição negativa para perto do ponto de equilíbrio homeostático. Este é um exemplo do que é chamado de prazer negativo, ou seja, aquele que sentimos durante a transição de uma situação dolorosa para a estabilidade. Os prazeres negativos dependem da presença prévia de alguma dor e acontecem quando voltamos à condição de estar bem.

O prazer negativo mais importante talvez seja a saúde. O sofrimento, a dor, corresponde à doença. Ao nos livrarmos dela, sentimos um enorme prazer que acontece “apenas” porque voltamos ao nosso estado usual. É interessante notar que nosso psiquismo não se ocupa muito daquilo que está indo bem. Desta forma, só damos valor à saúde depois de termos estado doentes, privados dela. Ainda assim, a alegria derivada da reconquista do bem-estar físico dura uns poucos dias. Depois voltamos a achar “normal” ter saúde.

Como temos um psiquismo complexo, podemos sofisticar a resolução dos nossos desconfortos – prazeres negativos – sendo que isso agrega mais prazer – e aí positivo, ou seja, prazer que não está diretamente relacionado com a resolução de um desconforto. No caso da comida, o alimento preparado de uma forma requintada e criativa agrega prazeres positivos à resolução do prazer negativo relacionado com a fome. No caso do vestuário isso é ainda mais evidente: a necessidade de nos protegermos contra as intempéries se transforma em fonte de prazeres eróticos exibicionistas complexos e dos quais me ocuparei adiante.

A resolução dos desconfortos e a capacidade de vivermos próximos do estado de equilíbrio que nosso psiquismo registra como bem-estar depende, em uma sociedade complexa como em que vivemos, do dinheiro. Assim, não acho conveniente desconsiderar a importância dele para que possamos ter um teto legal, comer bem, vestirmos roupas confortáveis e principalmente acesso aos recursos médicos tão essenciais. As dúvidas acerca da importância do dinheiro existem apenas no plano do supérfluo, ou seja, quanto nos faz feliz termos um armário cheio de roupas, termos acesso a locais luxuosamente decorados entre outros exemplos. Pessoalmente penso que o maior problema é que as pessoas não gostam de se sentir por baixo (dor grande relacionada com o que chamamos de humilhação). Quando vivem numa sociedade que valoriza muito estas coisas, aqueles que não as têm se sentem mal. Em outro ambiente, no qual ninguém tivesse tantos bens, talvez a necessidade de possuí-los diminuísse imediatamente. Mas este espaço é pequeno para analisarmos todos os ingredientes relacionados com esta que é uma das questões mais difíceis de serem abordadas.

Flávio Gikovate

sábado, 12 de novembro de 2011

Dez Coisas que Levei Anos Para Aprender


1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.

2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.

3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.

4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.

5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.

6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.

7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".

8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".

9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.

10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.

Luís Fernando Veríssimo

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Reflexões para o dia 11 de novembro


O dia 11 de cada mês abre sempre um portal para os reinos mais elevados , e um mês 11 somente serve para nos oferecer um duplo impacto. Quando experienciamos muitos 11:11 em nossas vidas em um certo momento, tais como ver estes números em um relógio digital, em um endereço, ou até em uma placa de automóvel a nossa frente, estes números são os portais ou pilares que acessam a uma vibração superior.

(Enquanto estamos sofrendo estas mudanças maciças, podemos experienciar também muitas noites de insônia. Isto é muito típico da ascensão. Há também tanta atividade nos níveis mais elevados, que precisamos estar aqui em nossos corpos e na terra. Pode ser frustrante permanecer acordado por horas em uma ocasião, mas magicamente parece que sempre temos uma quantia necessária de energia no dia seguinte. E dependendo de onde estiverem em seu processo de integração poderão experienciar também muita sonolência. A sonolência ocorre quando estamos nos integrando e a insônia quando estamos prontos. A dor nas costas é também uma ocorrência típica para muitos, já que as nossas costas são um espaço predominante onde a energia se movimenta e muda dentro de nós).

Enquanto as vibrações do planeta se elevam, energias semelhantes começam a se solidificar com outras energias semelhantes em uma proporção mais intensa, e isto provoca uma purificação ou um ajuste delicado de toda a energia. Em relação aos nossos novos propósitos, então, tudo e qualquer coisa que não se adaptasse mais a nós, simplesmente decidiu partir. Isto poderia ser experienciado como não querer mais fazer estas coisas, ter uma aversão por elas, sentindo que elas não mais se adaptam a quem somos (enquanto estamos nos tornando mais e mais a pura pepita de ouro de nosso propósito divino), ou talvez sentindo uma exaustão quando pensamos em fazê-las. O que é intencionalmente e divinamente deixado é tudo o que amamos fazer e o que somos capazes de fazer facilmente. Este é a maneira que isso foi planejado.

Quando contemplamos o que estávamos fazendo antes, poderá parecer como se estivéssemos fazendo certas coisas em outra existência ou que algum aspecto nosso que não se adapta mais no nosso interior estivesse participando destas atividades ou papéis. Isto é porque estamos mais uma vez morrendo enquanto estamos vivos... uma ocorrência comum e freqüente de nosso processo espiritual evolutivo.

Agora, após termos alcançado a massa crítica necessária para avançar para a próxima fase, nos encontramos em um portal 11:11. Qual o propósito e o benefício deste portal ou entrada? Nós temos nos consolidado com muita segurança nos nossos novos papéis. Conhecer e estar nestes papéis de auxílio à humanidade continuará por algum tempo. Foi por isto que este processo foi tão monumental. Nós estamos firmemente ancorados desta maneira. Energeticamente, parece que estamos literalmente ancorados e ligados a estes papéis, mas a intenção é estar. Um portal serve para criar uma abertura que transpõe todos os obstáculos de qualquer energia de vibração menos elevada, percepções distorcidas, ou resistência. É um alinhamento perfeito. Quando isto ocorre, é uma oportunidade maravilhosa de ver realmente e verdadeiramente com uma maior clareza e conquistar o acesso para uma informação, modos de ser e até conexões muito mais elevadas para outros mundos e com seres de vibração mais elevada. A porta está basicamente aberta, sem obstáculos.

Assim então, é um bom momento para se conectar com o que se corresponde a nossa vibração, ao nosso propósito, a quem somos, e ao que estamos desejando. Esta entrada cria uma abertura para um todo superior. E ao ser o que somos no processo de criar o Novo Mundo e do ajuste delicado do nosso verdadeiro e divino propósito, seria um bom momento para se conectar com a versão superior dela.

Através deste portal, poderá nos ser mostrado o roteiro ou as possibilidades. E através de um portal surgem possibilidades infinitas. Quando um portal se apresenta, nós podemos também nos conectar com as realidades de vibração superior e nos conectarmos mais profundamente com as estrelas e com os seres das estrelas... e com os seus mundos.

Agora por algum tempo, não haverá interferência em relação ao que escolhemos criar aqui no novo Planeta Terra. Nós temos sido examinados e observados amorosamente à distância, com profundo respeito pelo que escolhermos criar enquanto evoluímos através deste processo surpreendente.

Isto é parte do processo de criar este Novo Mundo por nós mesmos. E quando algumas das manifestações de vibração inferior começarem a partir devemos saber que elas serviram a um propósito divino e perfeito. Elas estiveram aqui para atrair a atenção para o que precisávamos mudar. Elas precisaram ser extremas a fim de serem notadas. Foi necessário que houvesse um determinado contraste, a fim de que uma massa crítica fosse alcançada e que exigisse e abraçasse o novo. É como foi intencionado. Não há polaridade nos reinos mais elevados. A Polaridade somente existe em uma realidade de 3ª Dimensão, a fim de nos estimular a criar algo de uma ordem mais elevada. Assim, eu lhes peço que talvez precisemos compreender amorosamente os papéis que esta assim chamada escuridão representou, já que estes papéis foram tão fundamentais para a criação do Novo Mundo. Nos reinos mais elevados, eles estiveram desempenhando estes papéis em perfeita e divina ordem do nosso lado, já que somos todos um. Fornecer este auxílio é um ato inacreditável de auxílio ao nível de alma.

Uma parte do abandono destas energias de vibração inferior envolve a transmutação delas através de nós mesmos. este é o papel do qual os Trabalhadores da Luz sempre cuidaram... incorporar energias de vibração inferior e transmutá-las através de nós mesmos. Isto é parte do que se tratavam os recentes episódios que experienciamos e que envolviam a escuridão se tratavam num todo. Nunca se tratou de carma ou de vidas passadas... não há realmente tal coisa. Nós estávamos simplesmente incorporando quaisquer energias mais escuras ou mais densas através de nós mesmos que se originavam do todo. Recorrências de vidas passadas e carma são simplesmente histórias que criamos em um nível de 3ª dimensão, de modo que nós poderíamos encontrar uma forma de compreender os modos mais elevados de ser. Não estamos mais nesta realidade.

Assim, então, quando começarmos a expressar os nossos desejos, mais e mais, nós estaremos então nos ancorando e criando este Novo Mundo através de nós mesmos. E quando evoluirmos desta forma, nós seremos então capazes de nos conectar mais com os seres das estrelas, quando será permitida que a sua orientação seja recebida mais freqüentemente porque nós estaremos muito mais no comando. Os seres estelares não tiveram permissão de interferir e começar a criação... eles precisavam aguardar até que fossem solicitados, e então somente seriam solicitados quando atingíssemos um ponto de conhecer e querer com muito mais clareza e autoridade.

Assim, o que estou dizendo aqui, é que os seres estelares estarão mais com mais freqüência entre nós agora, já que agora estão permitidos a entrar e se ligar a nós um pouco mais do que faziam antes desta última mudança. E enquanto progredimos com mais e mais clareza sobre o que estamos querendo criar, eles se unirão conosco, mais e mais. Mas não estamos ainda lá inteiramente. Eles ainda foram solicitados a manter uma distância, mas estarão sempre disponíveis para perguntas, enquanto amorosamente e respeitosamente nos observam criar e desenvolver um superior estilo de vida e de ser que estamos inventando enquanto prosseguimos!

O que isto tem a ver com o Portal 11:11? O Portal que se abrirá neste dia criará uma abertura para uma conexão muito alinhada com os seres estelares e com os seus modos de viver, de ser, assim como com as suas estrelas ou residências particulares, por assim dizer. E muitos deles certamente estão bem informados nos modos mais elevados que estamos somente agora descobrindo e utilizando. Se tiverem quaisquer perguntas para eles, ou quiserem que eles lhes dêem um pouco de orientação ou de clareza com relação a sua situação ou ao seu caminho atual, agora é o momento de pedir. Se não sabem como receber a informação dos não físicos de uma forma clara, simplesmente peçam com que esta informação seja colocada diante de vocês, de alguma maneira. Ela chegará então em uma mensagem na TV, através de uma conversa de pessoas próximas a vocês na fila em uma loja, na capa de uma revista, no rádio, ou até em um e-mail. Não se preocupem, pois ela chegará quando menos esperarem por ela. Apenas precisam estar abertos.

O Portal 11:11 trata-se basicamente de novas oportunidades... sempre. Elas poderão ser encontradas e conectadas durante este momento, e então trazidas à nossa atual residência dimensional.

Vocês podem sentir a nova unidade agora? Sentem-se mais conectados do que antes a todos e a tudo? Agora as coisas e as pessoas estão se reunindo como nunca antes? Esta é a nova unidade. Se ainda tivermos uma eventualidade mundial ou não, não posso dizer, mas com otimismo nos lembraremos de como se sente esta unidade, e não aceitaremos nunca mais nada a menos.

Enquanto nos reunimos, aproveitem a passagem do 11:11, e estejam prontos para a chegada de sua nova abundância!

Fonte: trechos de um Texto de 11 de novembro de 2006 de Karen