sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Bilhete


Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
 
Mário Quintana

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Angústia


Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!

E não se quer pensar! ... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós ...
Querer apagar no céu – ó sonho atroz! –
O brilho duma estrela, com o vento! ...

E não se apaga, não ... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga ...
Vem sempre perguntando: “O que te resta? ...”

Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Hoje não podeis ver e nem ouvir


Hoje não podeis ver e nem ouvir, e é melhor assim. Mas um dia, o véu que cobre os vossos olhos será retirado pelas mãos que o teceram, e a argila que obstrui os vossos ouvidos será retirada pelos dedos que a amassaram. Então vereis, então ouvireis. E não deplorareis ter conhecido a cegueira e a surdez, pois,naquele dia, conhecereis a finalidade oculta de todas as coisas e bendireis as trevas como bendireis a luz.

Khalil Gibran (O Profeta)

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Acaso


No acaso da rua o acaso da rapariga loira.
Mas não, não é aquela.

A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.
Perco-me subitamente da visão imediata,
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,
E a outra rapariga passa.

Que grande vantagem o recordar intransigentemente!
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.

Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!
Ao menos escrevem-se versos.
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar,
Se calhar, ou até sem calhar,
Maravilha das celebridades!

Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loira,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Por que todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo que foi é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?

Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?
Pode ser... A rapariga loira?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal ...

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Um Amor de Verdade

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Viver uma verdadeira experiência amorosa é um dos maiores prazeres da vida. Gostar é sentir com a alma, mas expressar os sentimentos depende das idéias de cada um. Condicionamos o amor às nossas necessidades neuróticas e acabamos com ele. Vivemos uma vida tentando fazer com que os outros se responsabilizem pelas nossas necessidades enquanto nós nos abandonamos irresponsavelmente.

Queremos ser amados e não nos amamos, queremos ser compreendidos e não nos compreendemos, queremos o apoio dos outros e damos o nosso a eles. Quando nos abandonamos, queremos achar alguém que venha a preencher o buraco que nós cavamos. A insatisfação, o vazio interior se transformam na busca contínua de novos relacionamentos, cujos resultados frustrantes se repetirão.

Cada um é o único responsável pelas suas próprias necessidades. Só quem se ama pode encontrar em sua vida Um Amor de Verdade.
 
Zíbia Gasparetto

domingo, 26 de agosto de 2012

O QUE ACONTECE NO MEIO


No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco, mas a que nos revela a nós mesmos.
Vida é o que existe entre o nascimento e a morte.

O que acontece no meio é o que importa. No meio, a gente descobre que sexo sem amor também vale a pena, mas é ginástica, não tem transcendência nenhuma. Que tudo o que faz você voltar pra casa de mãos abanando (sem uma emoção, um conhecimento, uma surpresa, uma paz, uma ideia) foi perda de tempo.

Que a primeira metade da vida é muito boa, mas da metade pro fim pode ser ainda melhor, se a gente aprendeu alguma coisa com os tropeços lá do início. Que o pensamento é uma aventura sem igual. Que é preciso abrir a nossa caixa preta de vez em quando, apesar do medo do que vamos encontrar lá dentro. Que maduro é aquele que mata no peito as vertigens e os espantos.

No meio, a gente descobre que sofremos mais com as coisas que imaginamos que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato. Que amar é lapidação, e não destruição. Que certos riscos compensam – o difícil é saber previamente quais. Que subir na vida é algo para se fazer sem pressa.

Que é preciso dar uma colher de chá para o acaso. Que tudo que é muito rápido pode ser bem frustrante. Que Veneza, Mykonos, Bali e Patagônia são lugares excitantes, mas que incrível mesmo é se sentir feliz dentro da própria casa. Que a vontade é quase sempre mais forte que a razão. Quase? Ora, é sempre mais forte.

No meio, a gente descobre que reconhecer um problema é o primeiro passo para resolvê-lo. Que é muito narcisista ficar se consumindo consigo próprio. Que todas as escolhas geram dúvida, todas. Que depois de lutar pelo direito de ser diferente, chega a bendita hora de se permitir a indiferença.

Que adultos se divertem muito mais do que os adolescentes. Que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte – mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.

No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco e da caixa postal, mas a senha que nos revela a nós mesmos. Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável. Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem (escrever, por exemplo).

Que tocar na dor do outro exige delicadeza. Que ser feliz pode ser uma decisão, não apenas uma contingência. Que não é preciso se estressar tanto em busca do orgasmo, há outras coisas que também levam ao clímax: um poema, um gol, um show, um beijo.

No meio, a gente descobre que fazer a coisa certa é sempre um ato revolucionário. Que é mais produtivo agir do que reagir. Que a vida não oferece opção: ou você segue, ou você segue. Que a pior maneira de avaliar a si mesmo é se comparando com os demais. Que a verdadeira paz é aquela que nasce da verdade. E que harmonizar o que pensamos, sentimos e fazemos é um desafio que leva uma vida toda, esse meio todo.

Martha Medeiros

sábado, 25 de agosto de 2012

É proibido



É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

Pablo Neruda

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Pássaro ou árvore


Há momentos na vida em que somos pássaros.
Queremos voar, mas nossas asas são curtas e não nos permitem chegar além do horizonte.
O que podemos está sempre aquém do que desejamos.

Há momentos na vida em que temos longas asas. Podemos alçar extensos vôos, mas nossos limites são determinados pelo peso das bagagens que a vida nos dá.
São malas que atendem por diversos nomes: Bom senso, juízo, medo.
Há os que se livram de seu peso e conseguem voar muito alto.
Alguns atingem destinos fantásticos; muitos conhecem o sabor do desastre.

Mas há momentos na vida em que deixamos de voar. É quando nos tornamos árvores, quando nos percebemos enraizados a terra, presos no espaço e no tempo.
Não nos damos conta desta mudança, que nos tira as asas e nos empresta galhos e ramos. Apenas descobrimos que somos assim.
Mas quando deixamos de procurar a luz, ou desistimos de cavar em busca de energia, paramos de crescer. Mas não há árvores assim.
As árvores perseguem seu destino, que é crescer e se alimentar.
Assim como há pássaros que só buscam voar.

Saber o momento do vôo ou o instante de se enraizar é a grande sabedoria humana.
Saber viver intensamente o momento de polinizar as flores, ou o momento de deixar ao vento e a chuva que espalhem nossas sementes, eis o destino da vida.

Se você é pássaro, voe em busca de seu sonho.
Se você se descobriu árvore, cresça o mais alto que puder e deixe a terra cuidar de suas sementes.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Teus filhos não são teus filhos...


Eles são os filhos e filhas do anseio da Vida por si própria.
Ele vêm através de ti, mas não de ti,
E ainda que contigo estejam, não te pertencem.
Tu podes dar-lhes teu amor mas não teus pensamentos,
Pois eles têm seus próprios pensamentos.
Tu podes hospedar seus corpos mas não suas almas,
Pois suas almas moram na casa do amanhã, a qual não podes visitar, nem mesmo em sonhos.
Podes empenhar-te em ser como eles, mas não procure fazê-los como tu és.
Pois a vida não caminha para trás nem delonga-se no ontem.
Sois os arcos dos quais seus filhos como flechas vivas são lançados adiante.
O Arqueiro vê o alvo no caminho do infinito, e Ele vos curva com Sua força para que Suas flechas sigam velozes e para longe.
Deixe que sua curvatura nas mãos do Arqueiro seja para a alegria;
Pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco que é firme.

Khalil Gibran (O Profeta)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

É proibido


É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

Pablo Neruda

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Nosso medo mais profundo

 
 
 
 
 
 


Nosso medo mais profundo
não é o de sermos inadequados.
Nosso medo mais profundo
é que somos poderosos além de qualquer medida.
É a nossa luz, não as nossas trevas,
o que mais nos apavora.
Nós nos perguntamos:

Quem sou eu para ser Brilhante,
Maravilhoso, Talentoso e Fabuloso?
Na realidade, quem é você para não ser?

Você é filho do Universo.

Se fazer pequeno não ajuda o mundo.
Não há iluminação em se encolher
para que os outros não se sintam inseguros
quando estão perto de você.

Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós.
Não está apenas em um de nós: está em todos nós.
E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo.
E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente, libera os outros.
Nelson Mandela

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Espiritualidade


Não pense que espiritualidade está apenas em templos, igrejas e montanhas: ela está onde você está. A palavra espírito vem da nossa capacidade de inspirar e expirar. Se alguém me insulta e sou capaz de compreendê-lo, sem me deixar levar pela raiva, pela vingança ou pela tristeza, estou praticando a espiritualidade. O estresse, a pressa e o trânsito são ótimas oportunidades de prática espiritual. Ao perceber a tensão, já me coloco em outro patamar: inicio um processo de autoconhecimento, percebo o que impulsiona e o que me retrai. A vida urbana nos dá ótimas oportunidades para aprimorar a paciência, a tolerância, o respeito à vida, a sabedoria e a compaixão. Todos os seres são conectados. Faça o seu melhor, respira profundamente e seja gentil.

Monja Coen

domingo, 19 de agosto de 2012

As pessoas mais corajosas são as que amam profundamente


Seja uma pessoa capaz de amar profundamente.
O amor beneficia a tudo e a todos.
As pessoas mais corajosas são aquelas capazes de amar profundamente.
Para manifestar o amor, dedique-se inteiramente ao próximo, com coragem.
Seja atencioso e bondoso com os outros.
Sinta orgulho de ser praticante do Amor de Deus e dirija o sentimento de amor sincero e profundo a todas as pessoas.

Livro: Mensagens de Luz

sábado, 18 de agosto de 2012

Sensacões, como são difíceis de serem expressas...


O coração bate tresloucadamente, as mãos suam, nervos a flor da pele e aquela incerteza latente: ligar ou não ligar? E se ele não lembrar de mim? E se simplesmente me ignorar??? O que fazer...
Coração retumbando dentro do peito, ansiedade pura, pulsação como se tivesse acabado de correr uma maratona... E então ela decide: vou ligar e seja o que Deus quiser!
Levanta de sua mesa de trabalho, atrolhada de processos complicadíssimos que destrincha com a maior facilidade e o medo se apodera dela...
Não vou desistir, hoje eu vou ligar... Seus dedos tremulam ao digitar os números, código da operadora, 2 números, código da área, + 2, número do telefone, + 08 , são doze intermináveis números que ela digita durante os quais ela simplesmente não raciocina para não desistir.
Números discados, telefone chamando, toca uma, duas, três, ela já até está querendo desligar pensando “viu, ele não atendeu, a culpa não foi minha”! Quando ouve um alô do outro lado, daquela voz tão conhecida, jamais esquecida, apesar do tempo passado, ela tira uma forca que não sabia que possuía e comeca a falar...
Primeiro coisas triviais, “ como tu estás, e o trabalho, saúde?” e todo aquele papo educado que aprendemos a ter, como dizem os franceses “come il faut”... Perguntas que vão, respostas que vêm, questões respondidas e o tempo passando e ela pensando: “ eu não vou conseguir...” Mas ela é uma mulher determinada, que aprendeu a lidar melhor com suas emoções e que acha extremamente injusto esconder seus sentimentos dos outros e de si própria...
Então menciona: “isto não têm nada a ver com você , eu é que preciso te dizer isso...”respira fundo e solta o verbo, com uma coragem que vem das entranhas: “tu não sabes como eu te amei naquela época...”, ela nunca havia dito isso com todas as palavras: EU TE AMO! Apesar das atitudes indicaram, os olhos falarem, mas a boca era reprimida...
Não conseguia dizer durante todos os momentos apaixonados e maravilhosas vividos, essas palavras mágicas... ela ainda era uma menina-mulher, confusa, apaixonada... e achava que não dizendo isso, deixava de entregar o que já havia sido entregue a muito tempo: sua alma, seu coração e seu corpo... Quanta bobagem... só o tempo e a experiência a deixaram ver isso... Vitória! Ela disse! Conseguiu! Está em paz com sua consciência. Disse a quem nunca havia dito que o amava, apesar de um atraso de dez anos, mas isso é detalhe! Ela deixou de dizer, ele deixou de ouvir, será que mudaria algo??? Agora isso não interessa...Ele pareceu um pouco perturbado e diz que ficou emocionado... Retribui com o velho jargão “eu também gostei muito de ti”...
Ela não acredita que cumpriu a missão que tinha estabelecido para si mesma, então se despede: “um beijo para ti” e desliga.

Volta para sua sala, senta em sua mesa, em frente ao seu computador, como se nada tivesse acontecido! Tudo parece igual, seus colegas sérios trabalhando, os processos se avolumando e ela tenta se concentrar, seus olhos enchem de lágrimas, ela havia vencido mais uma batalha! Ela era uma mulher de verdade que não esconde o que sentiu, sente e sentirá! Cresceu e amadureceu!
Se parabeniza mentalmente e pensa: “a liberdade realmente é azul!”

Martha Medeiros

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Viver plenamente


Eu disse a uma amiga:
— A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
— Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim.

Clarice Lispector

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Psicografia


Por que algumas pessoas não conseguem um contato espiritual com os entes queridos que já partiram?
A mediunidade é um dom comum a todos os seres humanos em maior ou menor grau. É a capacidade de entrar em contato com os espíritos desencarnados.
A sensibilidade mediúnica apurada pode ser uma missão ou então uma prova para o espírito resgatar débitos passados.
Atualmente, o dom mais comentado é o da psicografia. O médium de psicografia é aquele que tem a capacidade de obter mensagens escritas de espíritos desencarnados. Sejam de cunho intelectual com o objetivo de esclarecer os homens ou mesmo de espíritos que desejam se comunicar com aqueles que deixaram na Terra.
Psicografia mecânica: quando o médium não tem consciência daquilo que escreve. Sente o impulso na mão, mas o conteúdo da mensagem não passa através do seu cérebro. Essas mensagens podem conter detalhes do espírito desencarnado como o tipo de letra, apelidos e nomes que o médium desconhece. Trazem consolo e a certeza da vida pós-morte. Mediunidade rara. Ex: o saudoso médium Chico Xavier.
Psicografia semi-mecânica: o médium sente o impulso na mão e, ao mesmo tempo, alguma consciência daquilo que escreve. Mediunidade comum.
Psicografia intuitiva: o médium tem total consciência daquilo que escreve. Esse dom pode permitir mensagens de conteúdo esclarecedor para muitas almas. O médium tem que ter disciplina e muito equilíbrio para discernir o que é seu e o que é do espírito. Mediunidade comum.
Médiuns inspirados: recebem inspiração dos mentores siderais, mas nem sempre sabem disso. Acham que foi um insight ou apenas um momento de inspiração.
Por que algumas pessoas mesmo após várias tentativas não conseguem contato com as pessoas queridas que partiram pra outra dimensão?
Na verdade, a separação da morte é ilusória. Em todos os momentos estamos em contato com os espíritos desencarnados. Mesmo durante o sono o espírito de uma mãe saudosa pode reencontrar seu filho na espiritualidade. Ela acorda mais calma e esperançosa com a doce lembrança do seu filho através de um sonho revelador. O desdobramento é capacidade que o espírito tem de sair do corpo seja de modo consciente ou inconsciente. O sonho é apenas o repouso do corpo. A alma, durante o sono, fica livre para reencontrar seus afetos na outra dimensão.
O saudoso médium Chico Xavier nos deu uma lição de vida, amor e caridade. Quando alguém lhe pedia uma mensagem de um ente querido ele afirmava: "O telefone só toca de lá para cá".
O desencarne de um ente querido traz desespero àqueles que não acreditam na vida após a morte. Acreditam que morreu, acabou. A certeza da vida eterna é conforto espiritual que ameniza a saudade.
Quando sofremos uma cirurgia ou ficamos doentes precisamos de um tempo para a recuperação do nosso organismo.Se viajarmos para terras distantes precisaremos de adaptação aos costumes estrangeiros. O que dizer de alguém que regressa para a pátria espiritual? Precisa se adaptar ao novo estado. Curar dos traumas do desencarne e, muitas vezes, acordar de um sono reparador. Alguns espíritos partem para o plano espiritual de forma drástica e súbita através do suicídio, acidentes. E precisam de tratamento espiritual. Não estão preparados ainda para dar uma mensagem ou recado àqueles que ficaram. Ninguém vira santo depois que morre. Os espíritos desencarnados refletem sobre suas falhas e imperfeições. Alguns espíritos nem sabem que desencarnaram porque em nada acreditavam quando na vida terrena.
Deus é muito bom! Ele sempre dá alguma compensação para aqueles que sofrem. Seu ente querido conhece seus pensamentos. Receberá seu carinho mesmo em outra dimensão. Preste atenção aos sinais que a vida lhe dá:
Sensação de presença: a pessoa sente a presença do ente querido. Pode sentir arrepios, calafrios, tontura. O cheiro da pessoa amada.Nesse momento faça uma prece. Pode até conversar com ele mentalmente. Ele sentirá a força do seu afeto. O bom senso tem que estar presente. A vigilância de nossos atos e pensamentos são o escudo que nos protegem das entidades falsas ou zombeteiras. Elas se aproveitam do nosso desespero para se fazer passar pelos entes queridos desencarnados. Utilize sempre o recurso da prece e de uma vida saudável. O luto prolongado e a revolta só trazem desconforto e desespero. Os espíritos gostam de ser lembrados,mas a revolta e o apego excessivo fazem mal a eles. Aceite o sofrimento, a saudade, mas com a luz esclarecedora da fé.
Mensagem psicografada: através de um médium de psicografia os espíritos desencarnados trazem mensagens e recados. Aliviam a saudade daqueles que ficaram. Se você ainda não recebeu ainda uma mensagem tenha paciência. Seja forte! Deus sabe o momento certo e tudo tem uma razão de ser.
Sonhos: alguns sonhos podem ser mesmo um reencontro com a pessoa querida. A diferença de um sonho para um desdobramento é que acordamos com a certeza de que reencontramos a pessoa querida. Há uma sensação de alívio e bem estar. Nosso mentor espiritual ou anjo de guarda pode facilitar esse desdobramento.
Psicofonia: a psicofonia é a capacidade do médium de incorporar o espírito desencarnado. Através dessa incorporação o espírito desencarnado pode conversar com as pessoas e transmitir as suas mensagens.
Intuição: os laços de amor e afeto prosseguem após à morte. Há uma ligação energética e fluídica que, às vezes, permite sentir como está a pessoa querida no plano espiritual.

Conheço muitas pessoas que não são espíritas e não tem religião definida. Perderam entes queridos de forma trágica. Esposos dedicados que morreram de forma súbita. Filhos queridos que desencarnaram após um grave acidente. Crianças que desencarnaram após doença longa. Jovens que partiram através do suicídio, depressão grave e experiência com drogas. Mesmo assim, esses entes queridos prosseguem firmes na jornada terrena com a crença de que eles viverão para sempre dentro da sua lembrança. Encontram na caridade a força para continuar vivendo!
O consolo chegará de acordo com o merecimento e a evolução espiritual de cada um.
A doutrina espírita nos traz o conforto da fé raciocinada, da certeza da vida eterna.
Cada um, de acordo com sua fé ou religião, tem a proteção das forças espirituais positivas. Não estamos sós na jornada na vida!
A vida é eterna! Um dia, todos nós reencontraremos aqueles que já se foram e nos são caros.

Texto de Sandra Cecília - www.relaxmental.com.br - relax.mental.blog.uol.com.br

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Uma missão divina


Uma missão divina não significa um sacrifício, nem uma fuga do mundo, nem uma rejeição às alegrias da beleza e da natureza; ao contrário, significa um grande e pleno aproveitamento de todas as coisas.
Significa fazer o trabalho que amamos com toda a alma e com todo o coração, seja ele cuidar da casa, trabalhar na fazenda, pintar, representar, ou servir ao nosso semelhante, dentro e fora de casa.
E esse trabalho, seja qual for, se o amamos acima de qualquer outra coisa, é o supremo mandamento de nossa alma, a tarefa que temos de cumprir neste mundo, a única em que podemos nos sentir sinceros, interpretando na matéria a mensagem do nosso verdadeiro Eu.
Podemos, dessa forma, julgar pela nossa saúde e felicidade se estamos interpretando bem essa mensagem.

Edward Bach

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Bilhetes


Alguns escrevem pela arte, pela linguagem, pela literatura.
Esses, sim, são os bons. Eu só escrevo para fazer afagos.
E porque eu tinha de encontrar um jeito de alongar os braços.
E estreitar distâncias.
Encontrar os pássaros: há muitas distâncias em mim (e uma enorme timidez).
Uns escrevem grandes obras.
Eu só escrevo bilhetes para escondê-los, com todo cuidado, embaixo das portas.

Rita Apoena

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA


Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão). Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia...
E não esqueça de escovar os dentes depois de comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax. Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito. As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo - e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação. Na minha conta são 29 horas por dia.
A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo! Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos junto com os seus pais. Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher... na sua cama.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal... Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!

Luís Fernando Veríssimo

domingo, 12 de agosto de 2012

Isso que chamamos de amor, esse lugar confuso entre o sexo e a organização familia

Sérgio, não sabia como começar – então comecei copiando essa frase aí de cima, é Caetano Veloso numa entrevista ao JB, vim lendo pelo caminho, não consegui me livrar dela. Agora estou aqui, escrevendo para você no meu quarto antigo, que minha mãe conserva tal-e-qual, como se eu um dia fosse voltar para casa. E lá se vão – quantos mesmo? – sei lá, quinze vinte anos, qualquer coisa assim. Chove. Faz frio. É bom estar aqui. Tão bom. Me sinto protegido. Ficamos vendo velhas fotografias, bebendo vinho e rindo muito. Meu irmão Felipe vestiu um modelinho de couro negro e saiu “para dar uma prensa numa caixa de supermercado”. Márcia está tão bonita. E Rodrigo, meu sobrinho, que tem dois anos e não parece quase me desconhecer. Deixei-os vendo um filme antigo dos Beatles, Lennon repetindo “don´t let me down” – e agora percebo que meu inglês anda tão precário que não lembro se é d´ont ou don´t.Cansado, cansado. Quase não dormi. E não consigo tirar você da cabeça. Estou te escrevendo porque não consigo tirar você da cabeça. Hesito em dizer qualquer coisa tipo me-perdoe ou qualquer coisa assim. Mas quero te contar umas coisas. Mesmo que a gente não se veja mais. Penso em você, penso em você com força e carinho. Axé. Foi mau, ontem. Fui mau, também. Menos com você, mais comigo mesmo. Depois não consegui dormir. Me bati pela casa até quase oito da manhã. Teria telefonado para você, não fosse tão inconveniente. Acabei ligando para Grace, pedi paciência, chorei, contei, ouvi.
Não era nada com você. Ou quase nada. Estou tão desintegrado. Atravessei o resto da noite encarando minha desintegração. Joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro. Farpas. Uma pressa, uma urgência.E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.
Te escrevo com um cigarro aceso e uma xícara de chá de boldo. A escrivaninha é muito antiga, daquelas que têm uma tampa, parece piano. Tem um pôster com Garcia Lorca na minha frente. Um retrato enorme de Virginia Woolf. E posso ver na estante assim, de repente, todo o Proust, e muito Rimbaud, e Verlaine, Faulkner, Ítalo Svevo, William Blake. Umas reproduções de Picasso. Outras de Da Vinci. Um biscuit com um pierrô tão patético. Uma pedra esotérica ainda de Stonehenge, Inglaterra, uma caixinha indiana. Todos os meus pedaços aqui. E você não me conhece, eu não conheço você.Te escrevo por absoluta necessidade. Não conseguiria dormir outra vez se não te escrevesse. Zelda, há também o único romance escrito por Zelda Fitzgerald, a mulher de Scott Fitzgerald, que morreu louca, um incêndio, um hospício. Chama-se “Save me the waltz”. “Reserve-me a valsa”, não é lindo? Lembra o Brahma, se se dançasse no Brahma.Please, save me the waltz.Fiz fantasias. No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio. Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena. Todas as cartas de amor são ridículas. Esse lugar confuso de que fala Caetano. E eu estava só começando a entrar num estado de amor por você. Mas não me permiti, não te permiti, não nos permiti. Pedro Paulo me dizendo no ouvido “nunca vi essas luz nos seus olhos”.Eu não queria saber.
Tão artificial, tão estudado. Detesto ouvir minha voz no gravador ou ver minha imagem em vídeo. Sôo falso para mim mesmo. A calma, o equilíbrio, as palavras ditas lentamente, como se escolhesse. Raramente um gesto, um tom mais espontâneo. Tão bom ator que ninguém percebe minha péssima atuação.
Você compreende tudo isso?
Pausa. Campainha. O jornal de domingo. Desço, outro chá de boldo. Um comentário de Rubens Ewald sobre Aqueles dois, diz que é excelente, fala da “dignidade e tratamento delicado dado ao tema”. Lembro da crítica de Sérgio Augusto, de como fez mal por dentro. Já passou. Quando pergunto você-compreende-tudo-isso não estou subestimando você. Ah, deus, perdoe. Não sinto agressividade nenhuma em relação a você. E gosto das tuas histórias. E gosto da tua pessoa. Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, soma-las, diminui-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.Dormi umas três horas e acordei ouvindo Quereres, de Caetano. Repeti, várias vezes, cada vez mais alto. Ah, bruta flor do querer. Discutia tanto com Ana Cristina César, antes que ela acolhesse a morte (acertadamente? Me pergunto até hoje, nunca sei responder): nossa necessidade fresca & neurótica de elaborar sofrimentos e rejeições e amarguras e pequenos melodramas cotidianos para depois sentar Atormentado & Solitário para escrever Belos Textos Literários.O escritor é uma das criaturas mais neuróticas que existem: ele não sabe viver ao vivo, ele vive através de reflexos, espelhos, imagens, palavras. O não-real, o não-palpável. Você me dizia “que diferença entre você e um livro seu”. Eu não sou o que escrevo ou sim, mas de muitos jeitos. Alguns estranhos.Não há nenhum subtexto nisto que te escrevo. Não acho bonito que a gente se disperse assim, só isso. Encontre, desencontre e nada mais, nunca mais, é urbano demais – e eu nasci praticamente no campo, até os 15 anos quase no campo, céu e campo. Não sei se a gente pode continuar amigo. Não sei se em algum momento cheguei a ver você completamente como Outra pessoa, ou, o tempo todo, como Uma Possibilidade de Resolver Minha Carência. Estou tentando ser honesto e limpo. Uma possibilidade que eu precisava devorar ou destruir. Porque até hoje não consegui conquistar essa disciplina, essa macrobiótica dos sentimentos, essa frugalidade das emoções.
Fico tomado de paixão. Há tempos não ficava.E toda essa peste, meu amigo. O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, “esse lugar confuso”, o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida, aos 36 anos, tão pouco. Nem vivi nada ainda. E não sou sequer promíscuo. Dum romantismo não pós, mas pré todas as coisas – um romantismo que exige sexualidade e amor juntos. Nunca consegui. Uns vislumbres, visões do esplendor. Me pergunto se até a morte – será? Será amor essa carência e essa procura de amor, nunca encontrar a coisa?Das minhas heterossexualidades, dois filhos mortos, não ficou nada. Das minhas homossexualidades, esse pânico lento e uma solidão medonha. A hora é tão grave.Vim pegar energia. Sim. Preciso ver a terra, preciso do horizonte do pampa. Já começa a agir, meus ombros se soltaram. Olhei no espelho e aquela ruga entre as sombrancelhas se desfez.Não quero me tornar uma pessoa pesada, frustrada, amarga. Não vou me tornar assim. Então vacilo, escorrego e a mania de perfeição virginiana e a estética libriana no dia seguinte me dizem “que vergonha, que vergonha, que vergonha”.Eu podia dizer que tinha/tínhamos bebido demais. Eu podia dizer que estava com tanto medo de vir para Porto Alegre. Eu podia contar a você dos meus últimos meses, oito, dez, doze horas por dia sobre a máquina de escrever, falando com quase ninguém. Sozinho, às vezes. Cantando também. Tudo isso, se eu te dissesse, talvez tivesse ajudado a doer menos em você.De repente me passa pela cabeça que você pode estar detestando tudo isso e achando longo e choroso e confuso. Mas eu não quero ter vergonha de nada que eu seja capaz de sentir. Tento não ficar assustado com a idéia que este tempo aqui é curto, que eu vou voltar a São Paulo e que talvez não veja mais você. Sei que não fico assustado demais, e enfrento, e reconstituo os pedaços, a gente enfeita o cotidiano – tudo se ajeita. Menos a morte.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas… Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.Quando te falo da idade, quando te falo do tempo, e não tivemos tempo – queria te falar de Cronos, Saturno, da volta pelo Zodíaco quando se completa 30 anos. A tua estrela é muito clara, tem sinais bons na tua testa. Compreendo teu Plutão e a Lua encarcerados na casa XII – as emoções e paixões aprisionadas -, e também Urano, todo o impulso bloqueado. Na mesma casa, a do Karma, a dos espíritos que mais sofrem, tenho também o Sol, Mercúrio e Netuno. Somos muito parecidos, de jeitos inteiramente diferentes: somos espantosamente parecidos. E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura. Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis, desajeitadas, de segurar a maçã no escuro. Me queira bem.Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas. Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. Você é muito lindo e eu tento te enviar a minha melhor vibração de axé. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo,Caio F.p.s.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol.

sábado, 11 de agosto de 2012

Pai Nosso Em Formato de Afirmações Positivas


A Oração do Pai Nosso Em Formato de Afirmações Positivas no Tempo Presente: "Deus é a inteligência suprema que em mim e em tudo está!

Santifico tudo o que Deus é, porque Deus é tudo!

Deus é tudo em todos os lugares, tempos, direções e dimensões.

Eu já vivo no Reino de Deus. Porque tudo é parte dele.

A vontade de Deus e a minha vibram em sintonia na mesma frequência, e por isso, sempre são feitas.

Meu corpo e meu espírito estão sempre satisfeitos com tudo o que, por Deus, sempre me é concedido.

Por Deus minhas falhas são sempre perdoadas, pois eu tenho sempre perdoado a mão, que por vezes me ofende, me fere e me humilha.

Eu faço sempre tudo o que eu quero. Mas é claro, sempre consciente das possíveis consequências de meus atos.

Justamente por isso, eu só quero o melhor para mim e para todos.

Eu sou livre.

Eu sou livre de todo o pensamento e de toda a prática de qualquer mal.

Agradeço sempre a Deus por tudo!

Assim é.

E assim sempre será!!!"
Namastê _/\_

Aryel Fávero Greco

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Anjo do Amor

Anjo do Mês Agosto 2011
Anjo do Amor
Se trabalhou com o Anjo da Síntese durante o mês de Julho, dê-se alguns minutos para deixá-lo ir com gratidão, antes de dar as boas vindas ao Anjo do AMOR à sua vida para o mês de Agosto.

Mensagem de Inspiração

A essência do contentamento e a base da serenidade. O Amor é a ativação do seu espírito à procura de ligação. Supera a tristeza, não abriga má vontade e cura todas as separações.
Se as experiências que temos são resultado das nossas percepções seletivas, por que não ajustar as nossas lentes e olhar através da janela do amor ao invés do medo, da austeridade, da solidão, da culpa, etc.?
O Amor é uma frequência vibratória. É a sensibilidade natural da nossa alma e a nossa ligação direta com a Fonte. Quando sintonizamos essa frequência, alimentamos uma relação mais próxima com o nosso verdadeiro Ser.
O Amor não é algo que temos mas sim algo que somos. Quando estendemos essa essência de nós mesmos a uma pessoa ou a um grupo de pessoas, a um espaço ou a um animal, um campo de energia luminosa toma forma nos nossos corações e expande-se para lá de nós próprios, com uma alegria e paixão puras.
Todos nós procuramos uma sensação de pertencer a algo; uma sensação de estar em casa, ligados à nossa Fonte. É normal que seja mais fácil aceder a isto num relacionamento com a natureza ou um animal de estimação. Mas é nos nossos relacionamentos inter-pessoais que a nossa habilidade de amar é mais frequentemente posta à prova.
Dar espaço à volta de experiências e interações cria a margem que podemos preencher com amor, o qual tem o conteúdo – ao invés de procurar dentro do conteúdo onde estará o amor. Isto muda a nossa visão do mundo e a nossa orientação interior. Paramos de tentar manipular o mundo externo de modo que o nosso mundo interno possa ficar em paz.
Esperamos que os Anjos continuem a inspirar a sua vida. Que o seu coração experimente o amor cada mais e mais frequentemente.
Calorosamente,

Kathy Tyler

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida...


Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito:

"Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida na Empresa. Você está convidado para o velório na quadra de esportes".

No início, todos se entristeceram com a morte de alguém, mas depois de algum tempo, ficaram curiosos para saber quem estava atrapalhando sua vida e bloqueando seu crescimento na empresa. A agitação na quadra de esportes era tão grande, que foi preciso chamar os seguranças para organizar a fila do velório. Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação aumentava:

- Quem será que estava atrapalhando o meu progresso?
- Ainda bem que esse infeliz morreu!

Um a um, os funcionários, agitados, se aproximavam do caixão, olhavam pelo visor do caixão a fim de reconhecer o defunto, engoliam em seco e saiam de cabeça abaixada, sem nada falar uns com os outros. Ficavam no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos no fundo da alma e dirigiam-se para suas salas. Todos, muito curiosos mantinham-se na fila até chegar a sua vez de verificar quem estava no caixão e que tinha atrapalhado tanto a cada um deles.

A pergunta ecoava na mente de todos: "Quem está nesse caixão"?

No visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo... Só existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: VOCÊ MESMO! Você é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Você é a única pessoa que pode prejudicar a sua vida. Você é a única pessoa que pode ajudar a si mesmo. "SUA VIDA NÃO MUDA QUANDO SEU CHEFE MUDA, QUANDO SUA EMPRESA MUDA, QUANDO SEUS PAIS MUDAM, QUANDO SEU(SUA) NAMORADO(A) MUDA. SUA VIDA MUDA... QUANDO VOCÊ MUDA! VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR ELA."

O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e seus atos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença. A vida muda, quando "você muda".

Luís Fernando Veríssimo

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A descoberta do amor


“[...] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos.
[...] Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.
Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amor.
[...] Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é por pudor apenas feminino.
Pois juro que a vida é bonita.”

Clarice Lispector

terça-feira, 7 de agosto de 2012

E o que é que ela vê nele?


E o que é que ela vê nele? Nossos amigos se interrogam sobre nossas escolhas, e nós fazemos o mesmo em relação às escolhas deles. O que é, caramba, que aquele Fulano tem de especial? E qual será o encanto secreto da Beltrana?

Vou contar o que ela vê nele: ela vê tudo o que não conseguiu ver no próprio pai, ela vê uma serenidade rara e isso é mais importante do que o Porsche que ele não tem, ela vê que ele se emociona com pequenos gestos e se revolta com injustiças, ela vê uma pinta no ombro esquerdo que estranhamente ninguém repara, ela vê que ele faz tudo para que ela fique contente, ela vê que os olhos dele franzem na hora de ler um livro e mesmo assim o teimoso não procura um oftalmologista, ela vê que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, que ele parece um lorde numa mesa de restaurante mas é desajeitado pra se vestir, ela vê que ele não dá a mínima para comportamentos padrões, ela vê que ele é um sonhador incorrigível, ela o vê chorando, ela o vê nu, ela o vê no que ele tem de invisível para todos os outros.

Agora vou contar o que ele vê nela: ele vê, sim, que o corpo dela não é nem de longe parecido com o da Daniella Cicarelli, mas vê que ela tem uma coxa roliça e uma boca que sorri mais para um lado do que para o outro, e vê que ela, do jeito que é, preenche todas as suas carências do passado, e vê que ela precisa dele e isso o faz sentir importante, e vê que ela até hoje não aprendeu a fazer um rabo-de-cavalo decente, mas faz um cafuné que deveria ser patenteado, e vê que ela boceja só de pensar na palavra bocejo e que faz parecer que é sempre primavera, de tanto que gosta de flores em casa, e ele vê que ela é tão insegura quanto ele e é humana como todos, vê que ela é livre e poderia estar com qualquer outra pessoa, mas é ao seu lado que está, e vê que ela se preocupa quando ele chega tarde e não se preocupa se ele não diz que a ama de 10 em 10 minutos, e por isso ele a ama mesmo que ninguém entenda.

Martha Medeiros

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Não duvide


Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, em fim, de tudo que faz a vida florescer.
Mas duvide de tudo que a compromete.
Duvide do controle que a miséria, ansiedade, egoísmo, intolerância e irritabilidade exercem sobre você.
Use a dúvida como ferramenta para fazer uma higiene no delicado palco da sua mente com o mesmo empenho com que você faz higiene bucal.

Augusto Cury

domingo, 5 de agosto de 2012














Aqui estou, sentado diante desta carta, sem fazer outra coisa à uma e meia da madrugada; olhando-a e vendo-te através dela.
Às vezes, não em sonhos, aparece-me esta visão: Tens o rosto coberto pelo cabelo, consigo separa-lo, e afasta-lo para ambos os lados, aparece teu rosto, meus dedos percorrem a fronte e a testa e por fim tenho teu rosto entre as mãos.

Franz Kafka (Cartas a Milena)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mensagem de um Psicoterapeuta


Sinto dizer que sem esforço nada vai acontecer!
Não adianta reza forte, nem macumba com 20 velas.
Se você não se decidir pelo primeiro passo, se você não sair desse quarto, nem os anjos e nem Jesus poderão te ajudar, se você não se ajudar!

Quer emagrecer?
Caminhe todos os dias, pare de dizer que não tem dinheiro para a academia.
A rua é livre, de graça e está te esperando, seja noite, seja dia.

Quer um novo emprego?
Estude algo novo, aprenda um pouco mais do seu ofício, faça a diferença e as empresas vão correr atrás de você!

Quer um novo amor?
Saia para lugares diferentes, assista a um bom filme, leia um bom livro, abra a cabeça, mude os pensamentos, e o amor vai te encontrar no metrô, no ônibus, na calçada, e em qualquer lugar, pois você será de se admirar.
Pessoa que encanta só de olhar...

Quer esquecer alguém que te magoou?
Enterre as lembranças e o infeliz!
Valorize-se criatura!
Se você se valoriza, sabe quanto vale, e sabendo quanto vale não se troca por qualquer coisa.
Se alguém te deixou é porque não sabe o seu valor.
Logo, enterre a criatura no lago dos esquecidos.
E rumo ao novo que o novo é sempre mais gostoso...

Quer deixar de dever?
Pare de comprar.
Não faça dívida para pagar dívidas!
Nunca! Jamais!
Faça poupança e peça para o povo esperar.
"Devo, não nego, pago quando puder."
Assim, a cabeça fica livre e você vai trabalhar.
Em breve, não terá mais nada para pagar...

Quer esquecer uma mágoa?
Limpe o seu coração, esvazie-se...
Quem tem equilíbrio não guarda mágoas.
Só as pessoas com problemas emocionais é que se ressentem.
Ficam guardando uma dor, alimentando como se fosse de estimação.
Busque o equilíbrio emocional. Doe-se, ame mais e tudo passa.

Quer viver bem?
Ame-se!

Felicidade é gratuita, não custa nada.
É fazer tudo com alegria, nos mínimos detalhes.

Pergunte-se e se achar resposta que te satisfaça, comece tudo de novo:
- Pra que 2 celulares (1 pra cada orelha?)?
- Pra que 3 computadores, se não tem uma empresa?

A vida pede muito pouco e nós precisamos de menos ainda.
Acorde enquanto é tempo e comece a mudança, antes que o tempo venha e apite o final do seu jogo!
Espero que você pelo menos tenha vencido a partida.

Seja feliz!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Eu triste sou calada

Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua.

Martha Medeiros

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


Ainda que as lágrimas caem,
ainda o que você espera não chegue,
não desista.
Seja paciente e aja como um guerreiro usando
sua armadura de fogo,
e a espada da paciência é a virtude dos sábios.

Esqueça o que queres e receba o que merece,
neste exato momento, neste mesmo instante,
há um novo fôlego de vida que permeia toda natureza
e irradia o amor mais belo e puro que há nesta terra,
que é o teu coração, siga- o.
Rhenan Carvalho