domingo, 23 de maio de 2010

Frêmito

Frêmito do meu corpo
Frêmito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e mel,
Doído anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olhos buscando os teus por toda parte,
Sede de beijos, amargos de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e forte!
E vejo-te tão longe! Sinto tua alma
junto da minha, uma lagoa calma,
a dizer-me, a cantar que não me amas...
E o meu coração que tu não sentes,
vai boiando ao acaso das correntes,
esquife negro sobre um mar de chamas...

Florbela Espanca

0 comentários:

Postar um comentário