sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Uma pausa para o amor.


Antes de tratarmos dos prazeres positivos, penso que cabe um destaque especial para o amor, fonte das maiores confusões e mal entendidos. Vou tentar ser claro e rigoroso na defesa do meu ponto de vista. Penso que o amor é o sentimento que temos pela pessoa cuja presença nos provoca a sensação de paz e aconchego que tanto necessitamos. Trata-se, pois, de um prazer negativo porque alivia a dor que acompanha a sensação de desamparo que nos persegue desde o instante em que nascemos. Entendido o fenômeno desta forma, fica claro que nosso primeiro objeto de amor é a mãe e que todos os outros, ao longo da vida adulta, são substitutos dela. Entendo o amor como um sentimento que deriva do trauma do nascimento, momento da “expulsão do paraíso” e fim da harmonia uterina. O desamparo deriva daí e faz com que nos sintamos incompletos quando estamos sozinhos. Buscamos refazer o bem-estar perdido por meio de alianças com outras pessoas. O caráter quase físico desta aliança corresponde ao amor. Logo mais tratarei de outros aspectos relacionados com os elos adultos. De todo o modo, que fique claro desde já que o sexo não tem nada a ver com o amor – o que não quer dizer que não possa se acoplar a ele. O sexo é excitação derivada da estimulação, por parte da criança, de suas zonas erógenas. O amor tem objeto – a mãe – ao passo que o sexo é pessoal – a criança toca a si mesma.

Flávio Gikovate

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