quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Steve Jobs, visionário da Apple, morre aos 56


Steven P. Jobs, o visionário co-fundador da Apple que ajudou a acelerar o início da era dos computadores pessoais e depois liderou uma transformação cultural na forma como a música, os filmes e as comunicações móveis são vivenciadas na era digital, morreu nesta quarta-feira, 5. Ele tinha 56 anos.

A morte foi anunciada pela Apple, a empresa que Jobs e seu colega de escola Stephen Wozniak iniciaram em 1976 na garagem de um subúrbio californiano.

Jobs tinha travou uma longa e pública batalha contra o câncer e continuou sendo o rosto da empresa mesmo quando estava sob tratamento. Ele continuou introduzindo novos produtos para o mercado global usando seu jeans característico mesmo quando estava bastante fragilizado e debilitado.

Jobs foi submetido a uma cirurgia devido a um câncer pancreático em 2004, recebeu um transplante de fígado em 2009 e tirou três licenças médicas como principal executivo da Apple antes de deixar o cargo em agosto e passá-lo a Timothy D. Cook, o novo CEO. Mesmo tendo deixado o cargo, Jobs ainda se envolvia nos assuntos da empresa, negociando com outro executivo do Vale do Silício apenas algumas semanas atrás.

Ao dominar a tecnologia digital e sabendo usar seu senso de marketing intuitivo, Jobs definiu amplamente a indústria dos computadores pessoais e diversos negócios de serviços digitais e entretenimento centrados na Internet. Ele também se tornou um homem rico, com estimados US$ 8,3 bilhões.

Oito anos depois de fundar a Apple, Jobs liderou uma equipe que projetou o computador Macintosh, um avanço que tornou os computadores pessoais mais fáceis de usar. Após uma separação de 12 anos da empresa, causada por uma amarga briga com seu principal executivo, John Sculley, ele retornou em 1997 para supervisionar a criação de um dispositivo digital inovador atrás do outro – iPod, iPhone e iPad.

Eles transformaram não apenas categorias de produtos como tocadores de música e celulares, mas também indústrias inteiras, como a musical e a de comunicações móveis. Durante seus anos fora da Apple, Jobs comprou uma pequena divisão de computação gráfica da empresa do diretor George Lucas e desenvolveu uma equipe de cientistas da computação, artistas e animadores, que se tornou a Pixar Animation Studios. Começando com ‘Toy Story’ em 1995, a Pixar produziu uma série de filmes de sucesso, ganhou vários Oscars por excelência artística e tecnológica, e tornou o longa-metragem animado por computação uma forma de arte popular adorada por crianças e adultos no mundo todo.

Jobs não era engenheiro de hardware ou programador de software, nem se considerava um gestor. Ele se considerava um líder tecnológico, escolhendo as melhores pessoas possíveis, incentivando-as e dando a cartada final em relação ao design de produtos.

''Ele era o líder mais apaixonado que alguém pode desejar, uma força motivadora sem paralelo’', escreveu Steven Levy, autor do livro ‘Insanely Great’, de 1994, que narra a criação do Mac. ''Tom Sawyer poderia ter aprendido truques com Steve Jobs’'.

Jobs foi o maior árbitro dos produtos da Apple, e seus padrões eram exigentes. Em um ano ele descartou dois protótipos do iPhone, por exemplo, antes de aprovar o terceiro e começar a vendê-lo em junho de 2007.

Depois de abandonar o Reed College, uma fortaleza do pensamento liberal em Portland, Oregon, em 1972, Jobs levou um estilo de vida de contracultura.

Ele contou a um repórter que tomar LSD foi uma das coisas mais importantes que ele fez na vida. Jobs contou que havia coisas nele que pessoas que nunca tomaram psicodélicos – mesmo pessoas que o conheciam bem, incluindo sua esposa – jamais entenderiam.

O próprio nome da Apple refletia seu não convencionalismo. Numa era em que engenheiros e amadores tendiam a descrever suas máquinas com números de modelo, ele escolheu o nome de uma fruta, supostamente devido a seus hábitos alimentares na época. Aparecendo na cena no momento em que a computação começava a se mover para além das paredes dos laboratórios de pesquisa e das empresas na década de 1970, Jobs viu que a computação estava se tornando pessoal – capaz de fazer mais do que digerir números e resolver problemas científicos e de negócios – e que poderia até mesmo ser uma força de mudança social e econômica. Ele não estava oferecendo apenas produtos, mas um estilo de vida digital.

Regis McKenna, executivo de marketing do Vale do Silício a quem Jobs recorreu no final da década de 1970 para ajudar a modelar a marca da Apple, disse que a genialidade de Jobs reside em sua habilidade de simplificar produtos de engenharia altamente complexa, ''despindo o excesso de camadas do negócio, design e inovação, até sobrar a realidade simples e elegante’'.

Steven Paul Jobs nasceu em São Francisco em 24 de fevereiro de 1955, e foi colocado para a adoção por seus pais biológicos, Joanne Carole Schieble e Abdulfattah Jandali, estudante de pós-graduação da Síria que se tornou professor de ciência política. Ele foi adotado por Paul e Clara Jobs.

Jobs deixa a esposa, Laurene Powell, e três filhos com Powell (as filhas Eve Jobs e Erin Sienna Jobs, e um filho, Reed); outra filha, Lisa Brennan-Jobs, de um relacionamento com Chrisann Brennan; e duas irmãs, a escritora Mona Simpson e Patti Jobs.

Em 1975, ele e Wozniak, na época trabalhando como engenheiro na HP, começaram a participar de reuniões no Homebrew Computer Club, um grupo amador que se encontrava no Stanford Linear Accelerator Center, em Menlo Park, Califórnia. A computação pessoal tinha sido criada em laboratórios de pesquisa adjacentes a Stanford, e estava se espalhando para o mundo exterior.

''Eu me lembro do quanto ele era intenso’', disse Lee Felsenstein, designer de computadores que era membro do Homebrew. ''Ele estava em todo lugar e parecia tentar ouvir tudo que as pessoas tinham a dizer’'. Wozniak projetou o computador original Apple I simplesmente para exibi-lo aos amigos do Homebrew. Foi Jobs que teve a inspiração de que aquilo poderia ser um produto comercial.

No começo de 1976, ele e Wozniak, usando capital próprio, deram início à Apple com um investimento inicial de US$ 1,300; mais tarde eles ganharam o apoio de um ex-executivo da Intel, A.C. Markkula, que emprestou US$ 250 mil.

Wozniak seria a parte técnica e Jobs a parte de marketing do primeiro computador Apple I. Começando na garagem da família Jobs em Los Altos, logo depois eles mudaram a empresa para um pequeno escritório em Cupertino.

Em abril de 1977, Jobs e Wozniak introduziram o Apple II na West Coast Computer Faire, em São Francisco. Foi uma sensação. Diante de um grupo de pequenos e grandes competidores no emergente mercado de computadores, a Apple, com seu Apple II, descobriu uma forma de abranger os mercados empresariais e de consumidor ao criar um computador capaz de ser customizado para aplicações específicas.

As vendas explodiram, de US$ 2 milhões em 1977 para US$ 600 milhões em 1981, o ano em que a empresa entrou na bolsa de valores. Em 1983, a Apple já estava entre as 500 maiores empresas da ‘Fortune’. Nenhuma empresa tinha entrado na lista tão rapidamente.

Em 1980, Jobs atraiu Sculley para a Apple, convencendo-o a se tornar seu principal executivo. Tendo trabalhado na Pepsi, Sculley ficou impressionado com o discurso de Jobs: ''Você quer passar o resto da sua vida vendendo agua com açúcar, ou quer ter uma chance de mudar o mundo?''

Após algumas decepções de vendas, os dois se estranharam e começou uma briga pelo poder. Jobs perdeu o controle do projeto Lisa. Ele deixou a Apple em 1985. Em 1996, depois de esforços fracassados para desenvolver sistemas operacionais de última geração, a Apple, com Gilbert Amelio no comando, adquiriu a NeXT por US$ 430 milhões. No ano seguinte, Jobs voltou para a Apple como consultor. Ele se tornou CEO novamente no ano 2000.

Mais uma vez no controle da Apple, Jobs passou a remodelar a indústria dos eletrônicos de consumo. Ele levou a empresa para o negócio de música digital, introduzindo o primeiro iTunes e o tocador de MP3 iPod. O braço musical cresceu rapidamente, alcançando quase 50 por cento do faturamento da empresa em junho de 2008.

Em 2005, Jobs anunciou que encerraria a relação comercial da Apple com a IBM e a Motorola para produzir computadores Macintosh com microprocessadores Intel.

Nessa época, sua luta contra o câncer já era publicamente conhecida. A Apple tinha anunciado em 2004 que Jobs apresentava uma forma rara, mas curável, de câncer pancreático, e que ele tinha sido submetido com sucesso a uma cirurgia. Quatro anos depois, perguntas sobre sua saúde ressurgiram quando Jobs apareceu em um evento da empresa com aparência debilitada.

A Apple começou a vender o iPhone em junho de 2007. O objetivo de Jobs era vender 10 milhões de aparelhos em 2008, equivalente a um por cento do mercado global de celulares. A empresa vendeu 11,6 milhões. Embora os smartphones já fossem um lugar-comum, o iPhone oferecia estilo e foi pioneiro com sua interface touch-screen, que rapidamente estabeleceu o padrão para o mercado de dispositivos móveis. Lançado com muita expectativa e fanfarra, o iPhone atingiu enorme popularidade; no final de 2010, a empresa já tinha vendido quase 90 milhões de unidades.

Se ele tivesse um lema, poderia ter saído do ‘The Whole Earth Catalog’, que, segundo Jobs, o tinha influenciado fortemente quando jovem. O livro, como Jobs contou em seu discurso de abertura em Stanford em 2005, termina com o aviso: ''Mantenha-se ávido, mas não se leve tão a sério’'.

''Sempre desejei isso para mim’', ele disse.

http://nytsyn.br.msn.com/colunistas/steve-jobs-vision%c3%a1rio-da-apple-morre-aos-56

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