segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Os dois lobos


Raivoso, soluçando, rosto triste, olhos vermelhos, o netinho foi se abrigar no colo do avô. Ele sofrera uma enorme injustiça. O avô, com a sabedoria dos anos, contou ao neto um pouco de sua vida:
- Eu mesmo, algumas vezes, senti ódio daqueles que me fizeram mal e não deram sinais de arrependimento. Mas o ódio corrói a você, e não afeta seu inimigo. É o mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra. Lutei muitas vezes contra esse sentimento.

As lágrimas já haviam secado nos olhos do neto e o avô continuou:
- É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não magoa ninguém. Vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende quando percebe que não houve intenção de ofender. Ele só luta quando é justo, na defesa dos direitos e na medida certa. Mas o outro lobo, é cheio de raiva. Mesmo as pequenas coisas o fazem partir para o ataque. Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. Ele não consegue refletir porque sua raiva é muito intensa.

E o avô concluiu:
- Às vezes, é difícil conviver com esses dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito.

O garoto olhou fixamente os olhos serenos do avô e perguntou, um tanto curioso:
- Qual deles vence, vovô?

E o avô respondeu:
- Aquele que eu alimento mais freqüentemente dentro de mim!

(Do livro, Histórias para aquecer o coração)

0 comentários:

Postar um comentário